Homem é achado morto após espancar e quebrar costelas de enteado de 4 anos

Por MAURÍCIO BUSINARI

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Um menino de 4 anos está internado desde quinta-feira (29) em um hospital do litoral paulista, com oito costelas e um braço quebrados, após ter sido brutalmente espancado pela mãe e pelo companheiro dela, padrasto da criança, em São Vicente (SP). Nesta quarta-feira (5), o homem foi encontrado morto pela polícia, com marcas de tiros pelo corpo. A mãe da criança segue desaparecida.

O padrasto da criança foi encontrado em um trecho da rodovia Padre Manoel da Nóbrega, na altura do Parque das Bandeiras. Ele tinha marcas de tiros no tórax, rosto e mãos.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, o crime está sendo investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher de São Vicente. A morte do padrasto é investigada pela Delegacia de Investigações Gerais de Praia Grande e a Polícia Civil está realizando diligências para localizar a mãe da criança."Detalhes serão preservados, pois o caso segue em segredo de Justiça", afirma o órgão, em nota.

Em entrevista à reportagem, a conselheira tutelar Fernanda Gomes, que acompanhou o atendimento à família, disse que nunca havia presenciado um caso envolvendo uma história e cenas tão chocantes. Isso porque, além do menino internado, outras três crianças foram encontradas com marcas de violência.

A mãe das crianças tem cinco filhos -três com o ex-marido e duas do, até então, companheiro, encontrado morto nesta quarta. Quatro das crianças apresentava marcas de ferimentos pelo corpo.

O menino de 4 anos, que permanece internado na Santa Casa de Santos, e seus dois irmãos viviam com o pai, que, há quatro meses, perdeu a esposa por causa de um câncer -desde então, o casal suspeito estava com as três crianças, depois de se oferecer para cuidar delas enquanto o pai se recupera da perda.

"O pai das crianças sempre cuidou deles muito bem, com muito carinho. Porém, o tempo foi passando e a mãe se recusou em devolver os filhos ao pai. Ela já cuidava dos dois filhos que teve com o atual companheiro, mas mesmo assim insistiu em ficar com as cinco crianças", contou Fernanda.

MEDIDAS CAUTELARES

A conselheira diz que assim que o Conselho Tutelar do município foi informado sobre o estado de saúde do menino de 4 anos, ela e uma colega foram até a casa dos pais do padrasto, onde foram informados que ele tinha aparecido na residência com o menino enrolado num lençol, com o corpo todo roxo.

"Foi a mãe do padrasto, a avó 'postiça' do menino quem levou ele até o hospital. Quando vimos a cena, foi de cortar o coração. Nós pensamos que ele não ia resistir. Ele não se mexia, não reagia. Depois soubemos que havia outras crianças na casa. E retornamos lá para buscá-las. Tivemos que aplicar medidas cautelares para todas. As crianças que são filhos do primeiro casamento já estão com o pai. Já a menor, filha da mãe com o padrasto, está sendo assistida em abrigo".

A reportagem tentou buscar informações sobre o estado de saúde do menino, mas funcionários do hospital dizem que a unidade não informa estado de saúde de pacientes.

"Soubemos que ele deixou a UTI na segunda-feira (3) e que está se recuperando, apesar de sua saúde ainda inspirar cuidados. Mas agora quem está cuidando dele é o pai. A mãe não poderá mais se aproximar das crianças. Está proibida pelas medidas cautelares", disse Renata.