Gafe e busca por virada marcam sábado de campanha de Bolsonaro e Lula
BRASÍLIA, DF (UOL/FOLHAPRESS) - No primeiro fim de semana depois do primeiro turno da eleição, os candidatos à Presidência centraram os esforços de campanha para buscar votos em áreas onde foram derrotados no último domingo (2).
O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou da maior cerimônia religiosa do Pará e cometeu uma gafe ao errar a grafia do Círio de Nazaré em postagem nas redes sociais. Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez neste sábado (9) um ato no interior de São Paulo, onde realizou a sua maior caminhada no estado até agora, e aproveitou para criticar o adversário.
PROCISSÃO FLUVIAL
Bolsonaro chegou ao Pará na sexta-feira (7) e embarcou por volta de 6h30 deste sábado em um navio da Marinha que levava a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira dos paraenses.
Foi direto para a sala de comando e não se aproximou da padroeira. Desceu do navio após o término da cerimônia e foi embora sem falar com a imprensa.
Depois da romaria fluvial do Círio de Nazaré, Bolsonaro fez campanha de jet-ski e visitou uma comunidade ribeirinha.
Bolsonaro obteve 40,27% dos votos no Pará no primeiro turno e ficou atrás de Lula, que conquistou 52,22% do eleitorado.
O estado tem o maior número de eleitores aptos a votar na região Norte do país: 6 milhões de pessoas. Somados, os outros seis estados chegam a 6,48 milhões de eleitores.
O governador Helder Barbalho (MDB) foi reeleito em primeiro turno por 70,41% dos votos. Aliado de Lula, ele convidou o petista para participar do Círio de Nazaré, mas o ex-presidente recusou justificando que não iria à festa por ser contra o uso político de um evento religioso.
A Arquidiocese de Belém informou em nota que não convidou Bolsonaro para participar do evento e que não permite seu uso para fins políticos.
Bolsonaro não deu declarações públicas ao logo do dia, mas se manifestou nas redes sociais principalmente sobre o tema segurança pública. Em uma postagem, disse que assaltantes não podem ser tratados como vítimas da sociedade; em outra, disse que os homicídios caíram em seu governo. O presidente também fez ataques ao PT e a Lula e ilações com facções criminosas.
A equipe de Bolsonaro discutiu a possibilidade de ele comparecer a um show na noite de sábado em Brasília.
CORTEJO NAS RUAS
Lula participou de um cortejo pelas ruas de Campinas, no interior de São Paulo. Foi seu primeiro grande evento na região durante a campanha -ele só foi a Sumaré durante a pré-campanha. A caminhada durou cerca de uma hora em um trajeto de pouco menos de 2 quilômetros.
Em seu discurso, Lula citou a polêmica declaração de Bolsonaro, que disse que "comeria carne humana" ao se referir à cultura de povos indígenas em entrevista de 2016 ao The New York Times, que viralizou nesta semana. "Ninguém quer vir aqui [estrangeiros ao Brasil] com medo do canibal. Eu vi o vídeo dele dizendo que comeria um índio", disse.
A estratégia do petista consiste em reduzir a diferença de votos para Bolsonaro no segundo turno.
No primeiro turno, Lula perdeu a eleição em São Paulo: obteve 40,89% dos votos, ante 47,71% do adversário. O candidato petista ao governo, Fernando Haddad, também perdeu para Tarcísio de Freitas, nome encampado por Bolsonaro ao Palácio dos Bandeirantes: 35,7% e 42,32%, respectivamente.
O estado é o maior colégio eleitoral do país, com 34,6 milhões de eleitores aptos a votar -equivalente a 22,16% do total de votantes no país, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
É também um dos locais onde o PT enfrenta altos índices de rejeição, especialmente no interior do estado.
"No primeiro turno a gente não teve a quantidade de votos que a gente tinha que ter. Talvez não soubemos pedir o voto com a maestria que deveríamos saber. O segundo turno serve para a gente fazer reparos naquilo que a gente se equivocou, naquilo que a gente errou", disse o petista durante entrevista em Campinas.
Neste domingo (9), Lula deve participar de entrevista e caminhada em Belo Horizonte. Ele venceu em Minas Gerais no primeiro turno, com 48,29% dos votos, ante 43,60% de Bolsonaro ?que, agora, conta com apoio do governador reeleito Romeu Zema (Novo).