Polícia cria força-tarefa para investigar desova de corpos na Grande SP

Por PAULO EDUARDO DIAS

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Civil de São Paulo criou uma força-tarefa para descobrir quem são as pessoas responsáveis por abandonar corpos na cidade de Embu das Artes, na região metropolitana da capital. Desde o início do ano, 18 cadáveres já foram localizados em cemitérios clandestinos ou deixados em áreas de mata ou estradas desertas no município.

Uma das linhas de investigação adotadas pela Delegacia Seccional de Taboão da Serra, responsável pela área, é de que os mortos tenham sido vítimas do chamado tribunal do crime --nos quais integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) julgam e, muitas vezes, matam pessoas que descumpriram as regras do grupo.

Mas a polícia ainda não sabe se a facção de fato está envolvida nos assassinatos e qual seria a motivação dos crimes.

Cinco corpos em estado avançado de decomposição foram localizados na terça-feira (11) em um matagal no Jardim Pinheirinho, na divisa com o município de Itapecerica da Serra. Os mortos ainda não foram identificados.

Em 23 de setembro, três corpos já tinham sido encontrados no mesmo local após uma denúncia anônima.

"Toda semana a gente reúne na seccional os chefes dos investigadores e os delegados e a gente troca informações. Justamente para tentar resolver esse problema. O pessoal de Itapecerica às vezes tem uma informação que a gente aqui poderia usar na nossa investigação", disse para a reportagem o delegado titular da Delegacia de Embu das Artes, Francisco Videira.

O policial explicou que os encontros da força-tarefa também reúnem policiais do setor de homicídios, já que os desaparecimentos de pessoas são registrados por equipes da delegacia especializada.

Videira relatou que até aqui, todos os corpos identificados eram de pessoas que moravam em outras cidades.

"Nenhum desses era morador ou tinha qualquer vínculo com Embu das Artes. Aqui tem corpo que a vítima era de Caieiras, Itapevi, Itapecerica, Taboão da Serra e Paraisópolis."

Os corpos abandonados tinham torniquetes no pescoço. Para a polícia, eles foram mortos por asfixia, já que não tinham marcas de tiros ou de facadas.

Segundo o delegado, Embu não é a única cidade da região que enfrenta o problema. Para ele, a geografia do local, com várias áreas verdes e descampados, facilita essa ação por parte de criminosos.

"Nós tivemos corpos encontrados em Itapecerica, Embu-Guaçu, região de Cotia. Toda essa área porque é uma área de mata, tem muito mato, muitas estradas de terra desertas, praticamente sem movimento nenhum, então o pessoal acaba usando essas áreas justamente para jogar esses corpos", acrescentou.