MDB quer tarifa zero de ônibus como bandeira do partido a partir de exemplo de SP

Por GUILHERME SETO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O MDB pretende transformar o transporte gratuito de ônibus em uma bandeira nacional do partido, a ser replicada pelos membros da sigla em todo o Brasil. Quem afirma é o presidente nacional da legenda, o deputado federal Baleia Rossi (SP), inspirado na iniciativa do emedebista Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo.

Nunes solicitou estudos a respeito da viabilidade da implementação da chamada tarifa zero da capital. Como mostrou a coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, aliados do prefeito na capital dizem que o projeto sairá do papel e será sua principal marca na campanha para reeleição em 2024.

"Vamos fazer do estudo de São Paulo um 'case' para que a gente possa disponibilizar e transformar em estudos em outras regiões, como uma marca, uma bandeira do MDB. Tem grande significado", diz Rossi à reportagem.

Segundo o presidente do MDB, quando São Paulo dá passos em um tema como esse, "acaba sendo espelho para todo o país". Ele afirma que o prefeito está muito empenhado e já disse que há viabilidade para implementação.

"Ele está aguardando os estudos, mas já tem uma noção macro. Agora precisa do parecer técnico. Ele me falou que nas cidades que têm passe livre há aumento no número de usuários. Então, além do investimento em termos de subsidiar o passe livre, tem previsão de aumento de frota. Há outras repercussões que aconteceram nas cidades e que não serão diferentes na capital", explica o deputado.

A ideia de Nunes até o momento é a de criação de um fundo municipal de transporte, que seria alimentado pelas contribuições de empresas que atualmente pagam vale-transporte. Para que a mudança seja viabilizada, diz Rossi, é possível que sejam necessárias alterações legais.

Por isso, a interlocução de Nunes com Jilmar Tatto, membro do governo de transição de Lula (PT) e um dos especialistas do PT na área de transporte urbano, é vista como importante.

"O tema sendo abraçado pelo governo de transição mostra que tem possibilidade real de o tema avançar", diz o parlamentar.

Historicamente, a discussão sobre implementação do passe livre na capital paulista tem vinculação com a esquerda, partindo de Luiza Erundina (PSOL), passando pelo Movimento Passe Livre até chegar no próprio Tatto.

Desta vez, a iniciativa é encabeçada por um político identificado com a centro-direita, Ricardo Nunes.

"As condições hoje da prefeitura permitem que se avance. Além da força política, você tem uma condição favorável a uma medida como essa. Historicamente, é uma pauta que foi tentada, não avançou, mas une a todos, esquerda, direita e centro, acima das disputas ideológicas", avalia Baleia Rossi.