Isabel Cristina, morta há 40 anos, é a nova beata brasileira
RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - Assassinada de forma brutal quando tinha 20 anos, Isabel Cristina Mrad Campos (1962-1982) é oficialmente a nova beata brasileira. A cerimônia em reconhecimento do martírio da jovem foi realizada neste sábado (10) em Barbacena (MG).
Isabel Cristina foi morta há 40 anos, em Juiz de Fora (MG), por um homem que trabalhava na montagem de um guarda-roupas em sua casa e tentou estuprá-la.
A leitura da carta apostólica, em que o papa Francisco inscreveu Isabel Cristina entre os beatos, foi feita em latim pelo cardeal Raymundo Damasceno Assis e em português pelo monsenhor Danival Milagres, coordenador geral da cerimônia de beatificação. A data para a celebração litúrgica definida foi a de 1º de setembro, a mesma em que ela foi morta, segundo a Arquidiocese de Mariana.
Em 2001, ano em que foi instalado o processo de beatificação, dom Luciano Mendes de Almeida (1930-2006), ex-arcebispo de Mariana, disse em texto publicado na Folha que Isabel Cristina teve formação religiosa desde a infância, quando aprendeu a se dedicar aos pobres.
Discreta, estudou num colégio católico e, além de inteligente, era querida pelos professores, de acordo com ele.
"Não raro, Isabel Cristina ajudava doentes e idosos, dando-lhes, com carinho, alimento na boca [...] Terminado o ensino médio, com apoio dos pais, seguiu para Juiz de Fora. Foi nessa cidade que, após os primeiros meses de estudo, sofreu o assassinato por ter com coragem resistido [...] Ainda hoje, há muitas pessoas que podem testemunhar sobre sua vida e que apresentaram o pedido para que a autoridade eclesiástica examinasse oficialmente suas virtudes e a coragem com que enfrentou o martírio."
O processo incluiu depoimentos colhidos pelo Tribunal Eclesiástico nomeado pela arquidiocese, que foram enviados a Roma. "O martírio veio ratificar as atitudes mais profundas de Isabel, que levaram às últimas consequências seu anseio de amar e respeitar a Deus, evitando ofendê-lo", escreveu dom Luciano.
Neste domingo (11), no Vaticano, o papa Francisco homenageou Isabel Cristina, dizendo que ela foi morta "em ódio à fé, por ter defendido sua dignidade como mulher e o valor da castidade". "Que seu heroico exemplo possa estimular em particular os jovens a darem testemunho generoso de sua fé e de sua adesão ao Evangelho. Um aplauso à nova beata", disse o papa.
Também neste domingo, foi celebrada uma missa de ação de graças pela beatificação de Isabel no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena, seguida de transladação dos restos mortais da agora beata para a Capela dos Sagrados Corações de Jesus e Maria, segundo a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Agora, o próximo passo dentro da Igreja Católica será o pedido de canonização de Isabel Cristina. Há dezenas de relatos de graças alcançadas por sua intercessão e, se houver a comprovação de algum milagre atribuído a ela, poderá ser declarada santa.