FAB prorroga até maio abertura do espaço aéreo para saída voluntária de garimpeiros da terra yanomami

Por MARIANNA HOLANDA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Força Aérea Brasileira (FAB) prorrogou até maio a abertura parcial o espaço aéreo da Terra Indígena Yanomami, em Roraima, para a saída voluntária de garimpeiros. Agora eles têm a possibilidade de deixar a região até o dia 6 de maio.

O novo prazo foi informado nesta segunda (13) pelo Comando Operacional Conjunto Amazônia. Inicialmente, o prazo se encerraria à 1h desta segunda.

"Os três corredores humanitários de voo foram abertos no último dia 6 de fevereiro, com o intuito de possibilitar a saída coordenada e espontânea das pessoas não indígenas das áreas de garimpo ilegal por meio aéreo", diz nota do comando.

Como mostrou a Folha de S.Paulo o último sábado (11), equipes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) detectaram um fluxo de embarcações de garimpeiros com combustível e mantimentos entrando na terra yanomami, um indicativo da continuidade da atividade de exploração de ouro e cassiterita apesar das ações para seu desmonte.

Além disso, agentes do órgão ambiental federal constataram a disposição de grupos de invasores armados à resistência e ao enfrentamento a forças policiais que passaram a operar para destruição de aeronaves e maquinários e para a retirada dos garimpeiros.

A continuidade do fluxo de invasores terra indígena adentro e a disposição à violência dão uma dimensão da complexidade e do tamanho do problema da invasão garimpeira na área yanomami, que contou com a conivência e o estímulo do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A medida faz parte da Operação Escudo Yanomami, deflagrada no último dia 31, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou decreto ampliando o poder de atuação dos ministérios da Defesa, da Saúde, do Desenvolvimento Social e Assistência Social, Família e Combate à Fome e dos Povos Indígenas, além de prever a criação da Zida.

O governo Lula (PT) declarou emergência em saúde pública no dia 20, após o presidente receber imagens de indígenas com quadro de desnutrição grave. Ele fez uma visita a Roraima no dia seguinte, o que deu visibilidade à explosão de casos de desnutrição, doenças associadas à fome (como diarreia e infecções respiratórias) e malária.