Só o alerta não resolve, diz ministro da Integração em São Sebastião
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, foram nesta quinta-feira (23) a São Sebastião para discutir formas de apoiar as vítimas da tempestade no litoral e evitar novas tragédias.
Em coletiva de imprensa, Góes reafirmou que o país possui 14 mil pontos com alto risco de deslizamentos de terra, onde vivem um total de 4 milhões de pessoas, e indicou que compete a municípios e estados a instalação de sistemas de alerta para que as pessoas deixem áreas de risco a tempo.
O ministro afirmou que o país está bem estruturado em termos de monitoramento e que a Defesa Civil Nacional avisou os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais sobre a possibilidade de emergências no Carnaval. A informação, porém, precisava ter alcançado a comunidade e sido seguida
"[O alerta] Desce para o município, o município desce para a comunidade. Desce pela televisão, pelo rádio, pelo jornal, pelo WhatsApp, pelo SMS", comentou Góes, para em seguida acrescentar que, no ritmo de vida atual, esse formato tradicional já não é suficiente.
Para ele, é necessário haver um sistema local de sirenes e investimentos na educação da população. "Onde a igreja, a escola, o supermercado, os trabalhadores e trabalhadoras tenham essa consciência que todos nós devemos desenvolver para dizer: 'Olha, na hora que tocar a sirene, tem que evacuar, tem que sair da área'. E aí o dono do hotel, do supermercado, não pode resistir porque é risco de vida", disse.
O ministro afirmou que a experiência com alarmes e educação já é adotada no Brasil e em outros países, e disse que ouviu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) um pedido para ampliar a preparação das comunidades em áreas de risco.
"Só o esforço da Defesa Civil e dos meios de comunicação de darem o alerta percebemos que não resolve. Então uma das coisas que nós vamos intensificar com os governos estaduais, o presidente Lula me pediu isso, [...] é hierarquizar essas áreas e começar junto com os municípios, que aí é uma responsabilidade mais municipal, estadual, a instituir, estruturar esses sistemas de alerta locais."
Lula esteve em São Sebastião na segunda-feira (20) ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que permanece no litoral para acompanhar os trabalhos de resgate e reconstrução.
Até o fim do dia, Góes e França devem visitar o hospital de campanha do porta-aviões Atlântico, maior navio da Marinha, atracado em São Sebastião para auxiliar no atendimento às vítimas, e participar de uma reunião com o prefeito da cidade, Felipe Augusto (PSDB), sobre possíveis áreas para a construção de moradias populares.
"Nós já temos uma área reservada na Vila Sahy, uma área plana, que entra agora na fase final de estudos. Essa área já estava todinha sendo documentada e preparada para receber cerca de 180 unidades. Temos uma outra área para receber 220 unidades no bairro de Maresias e uma terceira área no bairro da Topolândia, que também foi vítima desses escorregamentos, para mais cerca de 180 unidades", disse Felipe Augusto na coletiva.