Criança de 2 anos morre com sinais de tortura no Rio e pai e madrasta são presos

Por ALÉXIA SOUSA

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Uma menina de 2 anos foi morta nesta quinta-feira (9) após ser torturada em Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Civil, o pai e a madrasta de Quenia Gabriela Oliveira Matos de Lima foram presos em flagrante por suspeita do crime.

Na delegacia, Marcos Vinicius Lino, 28, negou ter cometido agressões contra a filha. Já Patricia André Ribeiro, 23, afirmou que a enteada se machucou ao cair do sofá.

A criança chegou à Clínica da Família Hans Jurgen Fernando Dohmann já sem vida. Uma médica da unidade, que observou o estado de saúde da menina, fez a denúncia à polícia relatando que Quenia fora levada pelo pai "com sinais severos de violência".

A Secretaria Municipal de Saúde, responsável pela clínica, reiterou que a paciente já chegou morta à unidade e relatou que a delegacia foi prontamente acionada pelo fato de haver indícios de violência.

Segundo a delegada Márcia Helena Julião, titular da 43ª DP (Guaratiba), a criança apresentava 59 lesões pelo corpo, entre já cicatrizadas e recentes, sendo 17 no abdômen, 16 no dorso, 12 no rosto, sete nas pernas e seis nos braços. A menina também tinha marca de queimadura no umbigo.

Ainda de acordo com a delegada, o pai disse em depoimento que Quenia não se alimentava e vomitava há pelo menos três dias.

O corpo foi transferido para o Instituto Médico Legal de Campo Grande, também na zona oeste.

Segundo a investigação, a menina estava matriculada em uma creche desde o mês passado. A direção da unidade de ensino, no entanto, disse ter questionado as lesões aparentes em Quenia e proibido a entrada da criança enquanto os responsáveis não a levassem para um médico.

"A creche chegou a questionar as lesões que a criança tinha, e Patrícia afirma que ela pegou uma cadeira, colocou sobre o sofá e caiu", descreve a polícia.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, há um registro de atendimento de Quenia na mesma clínica, em novembro do ano passado. À época, a menina apresentou um corte de cinco centímetros no couro cabeludo. Na ocasião, a madrasta informou que uma louça tinha caído na cabeça da enteada.

Em depoimento após ser preso, Marcos Vinícius disse que cuidava da filha desde quando ela tinha 3 meses de vida. Já a madrasta de Quenia contou que a mãe pediu pensão, mas Marcos se negou a pagar, e os dois concordaram que a guarda da criança ficaria com o pai.