Audiência sobre greve do metrô termina em impasse, e sindicato discute se paralisação continua

Por TULIO KRUSE E CARLOS PETROCILO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma audiência de conciliação entre o sindicato dos metroviários e representantes do Metrô para chegar a uma solução para a greve terminou em impasse na noite desta quinta-feira (23), após um dia de confusão nas estações por causa da paralisação. Segundo o sindicato, a companhia manteve a posição de que não atenderá a reivindicação de pagamento de abono salarial nem de revogação de demissões.

Os grevistas afirmam que o Ministério Público ofereceu uma proposta intermediária, na intenção de servir como mediador entre os trabalhadores e a companhia estadual, que foi recusada pela empresa.

O sindicato diz que a empresa pública deixa de pagar há três anos o abono salarial devido à categoria. Eles pedem reposição do equivalente à participação nos lucros de 2020 a 2022. O Metrô, por sua vez, afirma não ter dinheiro para pagar o abono salarial neste momento, alegando que a empresa teve quedas significativas de arrecadação devido à pandemia e ainda não teve o retorno total da demanda de passageiros.

O Ministério Público teria sugerido o pagamento referente a um ano de abono salarial. Segundo o sindicato, isso seria equivalente a R$ 2.700, valor considerado baixo pela categoria. Apesar dessa avaliação, eles estariam dispostos a debater a proposta com a categoria.

Por volta das 19h30, os servidores do Metrô estavam reunidos em assembleia para discutir a audiência. Na pauta da reunião estava a decisão de manter ou não a greve, e se insistiriam na tentativa de liberar as catracas. Uma decisão judicial impediu essa liberação e exigiu que 80% do efetivo de funcionários trabalhasse nos horários de pico, e 60% nos demais horários.

O diretor de operações do Metrô, Milton Gioia, disse que a empresa não conta com dinheiro em caixa para se comprometer com as reivindicações dos funcionários. Segundo ele, o serviço ainda não recuperou a demanda de quase 3,8 milhões de passageiros, registradas antes da pandemia de Covid.

Em reunião com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a cúpula do Metrô não obteve nenhuma promessa de aporte do estado.

"O metrô faz esforços muito grandes para não atrasar um dia o pagamento dos funcionários. Durante a pandemia, mesmo com uma recessão muito forte, não medimos esforços para não atrasar um dia o salário de nenhum empregado", disse Gioia. "O abono é um pedido a mais que o Sindicato está fazendo, e não temos condições financeiras de bancar este abono."

Em nota, o Metrô afirmou que "tentou todas as formas de negociação, inclusive com a concessão de benefícios como o pagamento de progressões salariais". A empresa também afirma cumpre integralmente com o acordo coletivo de trabalho e as leis trabalhistas, e que "considera incompreensível a postura do Sindicato dos Metroviários que acabou punindo o cidadão".

Por meio de um plano de contingência, a companhia reabriu na tarde desta quinta-feira (23) trechos das Linhas 1-Azul, 2-Verde e 3- Vermelha. A reabertura duraria apenas até as 20h.