Prefeitura muda tática e inclui revista a usuários em ações de limpeza na cracolândia

Por MARIANA ZYLBERKAN E PAULO EDUARDO DIAS

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Prefeitura de São Paulo mudou sua tática e passou a incluir nesta segunda-feira (3) triagens e abordagens de equipes de saúde às ações feitas três vezes ao dia pelas equipes de zeladoria nas ruas da região central onde a cracolândia se estabeleceu nos últimos quatro meses, nos bairros Santa Ifigênia e Campos Elíseos.

A dinâmica é iniciada por agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) que entram em meio à aglomeração de usuários de drogas para revistar os usuários e fazer triagem com a Polícia Civil. Em seguida, as equipes de varrição vão desmontar tendas improvisadas usadas, segundo investigações, por traficantes para vender crack sem serem flagrados por câmeras de segurança e drones, e também vão recolher o lixo.

Na sequência, agentes de saúde vão abordar os dependentes químicos para tentar convencê-los a buscar tratamento.

Nesta segunda-feira, foram realizadas duas operações nos moldes da nova dinâmica, nas ruas Guaianases e Conselheiro Nébias. A ideia é que cada turno direcione as ações para uma das ruas onde há aglomeração de usuários de drogas, o que oscila dentro de um perímetro de ruas entre a alameda Barão de Limeira e as avenidas São João e Duque de Caxias.

Até então, equipes de varrição e caminhões de lixo entravam três vezes ao dia em meio ao fluxo para limpar as vias onde os usuários se estabelecem, mas não havia abordagem de usuários.

O esquema iniciado nesta segunda é parecido ao que ocorria quando a aglomeração de usuários de drogas ficava no entorno da praça Júlio Prestes, há um ano, quando a cracolândia se mudou da noite para o dia para a praça Princesa Isabel.

Equipes de zeladoria entravam em meio à aglomeração de usuários com apoio da GCM para limpar as vias e recolher o lixo acumulado. Na ocasião, a Polícia Civil atuava de forma separada por meio de operações para prender traficantes.

A praça Princesa Isabel foi o endereço da cracolândia por cerca de dois meses até ocorrer a operação policial que esvaziou a praça, em maio do ano passado, e grupos de dependentes químicos se espalharam pelas ruas do centro.

A presença do fluxo de usuários nas ruas dos bairros Santa Ifigênia e Campos Elíseos levou comerciantes a fecharem as portas nas ruas mais afetadas pelo comércio e consumo de drogas. Ao menos 23 comerciantes fecharam as portas nos últimos três meses na região da rua Santa Ifigênia e no bairro de Campos Elíseos.

Moradores do entorno da nova cracolândia relatam aumento da violência e casos de roubo desde a chegada da aglomeração de usuários.

Neste domingo (2), usuários de drogas atearam fogo a sacos de lixo e materiais recicláveis nas ruas dos Gusmões e Conselheiro Nébias. A reportagem apurou que a ação foi motivada pela prisão de um homem acusado de tráfico de drogas.