Polícia ouve monitor responsável por tobogã onde professora morreu no interior de SP

Por FELIPE PEREIRA

CAMPINAS, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Civil de São Roque (a 68 km de São Paulo) já ouviu uma testemunha e um monitor que estava responsável pelo tobogã do Ski Mountain Park, onde a professora Luciana Cerri, 42, morreu no último sábado (8).

Luciana e o filho de sete anos desciam no brinquedo quando foram arremessados e bateram na grade de proteção.

O menino ficou ferido e segue internado em hospital. No velório de Cerri, que aconteceu nesta segunda-feira (10) em Campinas, cidade vizinha no interior de São Paulo, familiares e amigos lamentaram a morte.

A polícia não informou o nome do advogado que representa o Ski Moutain Park. A reportagem tentou ouvir por telefone novamente a direção do parque nesta segunda, mas não houve resposta. No sábado, em nota, a empresa lamentou a morte e disse estar "à disposição das autoridades no sentido de colaborar com a apuração dos fatos".

O filho da professora está em um hospital particular de São Roque e só deve ser transferido para Campinas a partir desta terça-feira (11). A transferência ainda não aconteceu devido a uma norma determina observação por 72 horas de pessoa que sofrem ferimentos no rosto e cabeça -ele teve o rosto machucado.

O conteúdo dos depoimentos já tomados não foi divulgado. A previsão é que novas oitivas aconteçam nos próximos dias, mas a quantidade de pessoas que devem prestar depoimento não foi informada pela Secretaria da Segurança Pública do Estado.

A polícia solicitou perícia nos equipamentos e já tem uma lista de visitantes no dia do acidente. Os laudos devem ficar prontos entre 30 e 45 dias. Só a partir daí o delegado responsável pelo caso vai decidir sobre indiciamentos.

Ainda nesta segunda, uma equipe do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) de São Paulo esteve no parque, instaurou um procedimento administrativo e emitiu uma notificação para que sejam apresentadas todas as documentações relativas às atividades técnicas prestadas no local.

"O Conselho é responsável por fiscalizar, controlar e orientar o exercício das atividades profissionais de engenheiros, agrônomos, geocientistas e tecnólogos envolvidos em serviços técnicos de projeto, execução e manutenção. Isso porque, para a realização de quaisquer atividades e serviço, os profissionais e empresas contratados devem estar registradas no Crea-SP", disse, em comunicado, o órgão.

No velório de Cerri, que completou 42 anos há menos de um mês, participaram dezenas de amigos, colegas de profissão e familiares. O corpo foi sepultado às 14h no Cemitério Parque das Acácias, em Campinas .

A escola onde a mulher trabalhava suspendeu as atividades nesta segunda-feira. "Um pedaço de mim se foi, minha melhor amiga, minha alma gêmea, minha irmã querida e tão amada. Ela estará sempre viva no meu coração", disse Adriana Cerri, irmã da vítima.

"Amiga, companheira, sempre atenta ao que acontecia ao redor. As crianças amavam muito ela", disse a professora Solange Cassola. "A gente pensa na família, nos amigos. Um passeio que se tornou essa tragédia", afirmou a amiga Cleusa Cavalcanti Silva.

No sábado, o parque foi fechado e divulgou uma nota nas redes sociais. O funcionamento normal é de quinta-feira a domingo.

"Em decorrência dos fatos ocorridos nas suas dependências em 08/04/23, o Ski Park vem a público externar os profundos sentimentos à família da vítima. A empresa está e estará à disposição da família. Também estará à disposição das autoridades no sentido de colaborar com a apuração dos fatos".

O acidente A educadora pedagógica Janine Janeri, que vive em Jundiaí, contou que estava perto do teleférico, quando viu Luciana descer o tobogã com o filho no colo e os dois atingindo uma grade de proteção.

"Ele falava: 'Tia, eu vou precisar levar pontos?' Nisso, eu já ajudei a irmã do menino, que estava vindo logo atrás e desceu no tobogã também", disse, em publicação nas redes sociais.

O tobogã tem pistas individuais de 350 metros de extensão. No site oficial, o parque afirma que a idade mínima para uso do brinquedo é de quatro anos, com a criança acompanhada do responsável, mas não esclarece se a descida de duas pessoas pode ocorrer ao mesmo tempo.

No boletim de ocorrência, no dia do acidente, porém, há a informação de que a criança no colo "seria um procedimento comum", conforme as apurações realizadas pela equipe policial no local.