Audiência termina sem ouvir Thiago Brennand e é remarcada
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A audiência do empresário Thiago Brennand, 43, que teve início nesta terça-feira (30), foi interrompida após quatro horas sem que o réu tenha sido ouvido. A audiência, que aconteceu em formato virtual, é relacionada ao caso de estupro que Brennand foi denunciado de uma norte-americana em 2021.
A sessão desta terça aconteceu na 2ª Vara da Comarca de Porto Feliz, no interior paulista, e foi conduzida pelo juiz Fernando Henrique Masseroni Mayer. O Tribunal de Justiça de São Paulo marcou uma segunda audiência para o caso no dia 21 de junho.
O empresário está detido no CDP (Centro de Detenção Provisória) 1 Pinheiros e teve cinco pedidos de prisão preventiva decretados pela Justiça de São Paulo e responde a oito denúncias de crimes sexuais, como estupro, e agressões.
Estavam previstas as oitivas da vítima e de oito testemunhas de defesa, além do interrogatório do réu. Foram ouvidos, porém, apenas a vítima, uma norte-americana que acusada Brennand de estupro, e quatro testemunhas.
O Ministério Público não convocou nenhuma testemunha de acusação. A reportagem apurou que, durante a audiência, a Promotoria tentou convocar uma outra vítima, outra norte-americana que denunciou o empresário de estupro e diz ter sido mantida em cárcere privado e sido tatuada à força.
O juiz, no entanto, indeferiu o pedido e argumentou que, se o testemunho da mulher era imprescindível, deveria ter sido incluída na denúncia da Promotoria de São Paulo. O processo tramita em segredo de Justiça.
A mulher que acusa o empresário relatou a Promotoria que, inicialmente, fez contato com o acusado por ter interesse em adquirir um cavalo, uma vez que Brennand é dono de alguns animais dessa espécie.
Ela foi ouvida pelo NAVV (Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência) da Promotoria e relatou ter engatado um relacionamento com Brennand, que durou cerca de dois meses.
Eles se conheceram porque a mulher queria comprar um cavalo e visitou a Fazenda Boa Vista, condomínio localizado em Porto Feliz, interior de São Paulo, onde o empresário tem uma casa.
Em depoimento, ela relatou que ele tinha um comportamento gentil, mas depois passou a agir de maneira agressiva, costumava xingá-la até que a obrigou a manter relações sexuais.
A mulher afirma também que foi ameaçada com uma arma por Brennand e que, durante os dias que eles ficaram juntos no interior, ela pedia para voltar a São Paulo, mas ele não deixava. Além disso, o empresário a ameaçou dizendo que teria gravado cenas íntimas dos dois.
A denúncia da Promotoria foi aceita pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, que decretou também a prisão preventiva do réu em relação a esse caso.
Brennand foi extraditado dos Emirados Árabes e desembarcou no Aeroporto de Guarulhos no fim de abril. Ele viajou ao país em setembro do ano passado horas antes de ser denunciado pelo Ministério Público por agredir uma modelo em uma academia da capital -em relação a este caso, a audiência acontece no dia 27 de julho.
Desde que o caso da academia tomou repercussão, ao menos outras dez mulheres denunciaram o empresário. Pelas redes sociais, Brennand sempre negou os crimes sexuais. Poucas semanas antes da extradição, ele gravou um vídeo em que dizia que seria preso injustamente. "Obviamente não estuprei ninguém. Nesse país muita gente tem sede de vingança", afirmou ele.
ENTENDA OS 5 PEDIDOS DE PRISÃO CONTRA BRENNAND
**Os detalhes sobre o quinto pedido ainda não foram divulgados**
Após a acusação de agressão à modelo Alliny Helena Gomes, Brennand deixou o Brasil em 4 de setembro, horas antes da denúncia do Ministério Público. O órgão determinou que ele retornasse ao Brasil até 23 de setembro e entregasse o passaporte. Como não cumpriu a medida, ele teve a prisão preventiva decretada no dia 27 de setembro e tornou-se foragido. A viagem inicialmente foi para para Dubai, nos Emirados Árabes.
Logo depois, no dia 17 de outubro, a Justiça decretou nova prisão contra Brennand, desta vez sob a acusação de tatuar à força e manter em cárcere privado uma mulher em Porto Feliz, no interior paulista.
No dia 4 de novembro, ele teve a terceira prisão preventiva decretada pela Justiça. Na ocasião, os promotores Evelyn Moura Virginio Martins e Josmar Tassignon Júnior apresentaram denúncia contra ele por suspeita de estupro que teria ocorrido também em Porto Feliz.
No dia 10 de fevereiro, o empresário teve a prisão preventiva decretada após denúncia da miss e estudante de medicina Stefanie Cohen. Ela afirma que foi estuprada por Brennand em 2021.
No dia 22 de março, foi decretado o quinto pedido de prisão preventiva também por estupro. A reportagem não obteve detalhes sobre a identidade da vítima deste caso.