Chega a 4 o número de mortes relacionadas a ciclone no Sul e ventos em SP

Por FRANCISCO LIMA NETO

Ciclone Freddy, ativo há um mês, pode ser o mais longo já registrado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ao menos quatro pessoas morreram em decorrência da passagem do terceiro ciclone extratropical pelo Brasil em menos de um mês. Apesar de ocorrer no Sul do país, o fenômeno climático, além do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, também causou estragos e transtornos nos estados de São Paulo e Paraná.

Um homem de 40 anos morreu na cidade de Brusque, em Santa Catarina, na quinta (13), segundo o Corpo de Bombeiros, ao ser atingido por uma árvore que caiu. O acidente ocorreu no bairro Limeira Alta, às 12h10. A vítima, identificada como Ronilton Gleyson de Paula, trabalhava passando cabo de internet em poste no momento do acidente.

Segundo a corporação, o homem estava em cima de uma escada, a 3 m de altura, quando uma árvore caiu em decorrência do vendaval e o atingiu. Ele sofreu um grave traumatismo cranioencefálico e já estava morto quando os bombeiros chegaram.

Na cidade de Rio Grande, no sul gaúcho, o ciclone causou a morte de um homem de 68 anos quando sua residência foi atingida por uma árvore. No município, as rajadas de vento alcançaram 140 km/h.

Em Itanhaém, no litoral paulista, uma mulher de 80 anos morreu após levar uma descarga elétrica causada pela queda de um galho sobre uma fiação de média tensão, segundo a Defesa Civil.

Na delegacia, a filha da vítima afirmou à polícia que a mãe estava na casa da vizinha quando o vento derrubou um galho de árvore e, em seguida, um fio de alta tensão caiu e atingiu a mulher.

A outra vítima dos ventos desta quinta é uma mulher de 24 anos que estava em um carro de autoescola atingido pela queda de uma árvore em São José dos Campos, no Vale do Paraíba. Ela foi reanimada, socorrida pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e levada para o Hospital Municipal Dr. José de Carvalho Florence, mas não resistiu. Sua morte foi confirmada no fim da tarde pela Defesa Civil.

Conforme a Defesa Civil gaúcha, além do óbito em Rio Grande, houve também 24 feridos, mas nenhum com gravidade no estado. Foram 261 pessoas desabrigadas e 343 desalojadas. O número de gaúchos atingidos de alguma forma pelo ciclone foi de 3,9 milhões ?mais de um terço da população do RS. Em Sede Nova, no noroeste do estado, pelo menos 500 residências foram destelhadas e 12 pessoas se feriram. A cidade decretou calamidade pública.

Pelotas, também no sul do RS, foi um dos cenários mais críticos. Ao final da tarde de quinta, a cidade de 325.689 habitantes tinha mais de 120 mil clientes sem energia elétrica em razão de quedas de árvores sobre a fiação. Conforme a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), a falta de energia generalizada na cidade afetou também as estações de tratamento de água e as casas de bomba, comprometendo o abastecimento e a drenagem na cidade.

As duas concessionárias de energia que atendem o RS informaram que mais de 825 mil residências ficaram sem energia. Somando Santa Catarina e Paraná, o número ultrapassou 1 milhão.

 

RAJADAS DE VENTO CHEGAM A 146,9 KM/H NO SUL

De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), em Bom Jardim da Serra (SC), região de cânions na fronteira com o RS, as rajadas de vento chegaram a 146,9 km/h. Na região sul, Canguçu teve rajadas de 100,4 km/h. Conforme a Prefeitura de Rio Grande, cerca de 100 casas foram destelhadas pelo vento e 17 pessoas desabrigadas.

No Paraná, a vazão das Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu, chegou a seis vezes a vazão normal das águas nesta quinta-feira, de acordo com o monitoramento da Companhia Paranaense de Energia. Da média de 1,5 milhão de litros por segundo, o volume atingiu 9 milhões de litros por segundo.

 

CENTENAS DE ÁRVORES CAEM E AVIÕES NÃO POUSAM EM SÃO PAULO

Até as 18h de quinta, o Corpo de Bombeiros havia recebido 150 chamados para queda de árvores na capital e na região metropolitana de São Paulo, 120 na Baixada Santista e litoral sul, 11 no litoral norte e 11 em São José dos Campos.

As maiores rajadas de vento foram registradas em São Miguel Arcanjo (81 km/h) e Barueri (74 Km/h). Na cidade de São Paulo, o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergência), da prefeitura, afirmou que a rajada mais intensa na capital, de 72,2 km/h, foi registrada às 12h, no aeroporto de Congonhas, zona sul. Pouco antes, às 10h, houve o registro de 70 km/h na estação meteorológica de Santana, na zona norte.

Por causa do vento forte, quatro aviões não conseguiram pousar e tiveram de arremeter, segundo a Infraero, estatal que administra o aeroporto de Congonhas.

Em Guarulhos, a GRU Airport afirma que três voos seguiram para outros aeroportos e depois retornaram.