Testemunhas relatam a TV agressão a médica no Rio
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Funcionários do hospital onde uma médica foi agredida no Rio na madrugada deste domingo (16) relataram como aconteceu a confusão à TV Globo. Uma paciente em estado grave ficou sem atendimento e morreu, e um homem e sua filha foram presos.
Os plantonistas disseram estar traumatizados e reclamaram da falta de segurança da unidade. "A gente não sabia se se protegia ou se ia acudir a doutora. A gente estava com medo de morrer também", disse uma funcionária em entrevista ao Bom Dia Rio.
"Um enfermeiro foi o único que conseguiu tirá-la [médica] do meio da confusão e a levou para tentar proteger. Mas ainda assim a filha dele veio para cima de todo mundo querendo agredir, e a gente desesperado. A gente passou horas horríveis. Isso começou às 3h, e a polícia demorou muito tempo para chegar."
Ainda conforme os funcionários, a médica "em nenhum momento negligenciou assistência". "Ela assumiu todo o hospital sozinha", garante a funcionária. Segundo ela, quando identificou a parada cardiorrespiratória da idosa, não foi possível socorrê-la porque a "única médica da unidade estava sendo agredida, espancada".
"Socou a boca da doutora, jogou ela no chão e botou a mão para trás como se fosse pegar uma arma. Foi o momento que todo mundo saiu correndo. Jogou a médica no chão, espancando a médica. Deu vários socos na face dela", contou uma funcionária do hospital.
"A gente passou horas horríveis. A gente ligava para a polícia. Isso começou às 3h e a polícia demorou bastante tempo para chegar. A gente ficou muito tempo sem ter ninguém ara proteger a gente", relatou uma testemunha.
ENTENDA A CONFUSÃO
Um homem chegou à Emergência do Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, em Irajá, com um pequeno corte no dedo da mão. Ele estava acompanhado da filha e, segundo a direção do hospital, ambos estavam bastante alterados. O caso aconteceu por volta das 3h30 de domingo (16);
O homem foi orientado a aguardar ou procurar outra unidade porque ali haviam pacientes com quadros mais graves, que seriam atendidos com prioridade;
Ele reagiu dizendo estar armado, invadiu a Sala Vermelha, onde a médica da unidade atendia, e deu um soco na boca da profissional. Ela precisou receber pontos de sutura.
Sem conseguir atendimento porque a médica foi agredida, uma paciente de 82 anos sofreu uma parada cardiorrespiratória às 4 horas e morreu.
Já a filha do agressor depredou a sala de espera, quebrando vidros de portas, janelas e cadeiras. Os dois foram presos em flagrante por homicídio doloso.
O homem também foi autuado por lesão corporal. A investigação será conduzida pela 27ª DP (Vicente de Carvalho).
"A Secretaria Municipal de Saúde repudia os fatos lamentáveis ocorridos no hospital. Todas as emergências da cidade atendem por classificação de risco, com prioridade absoluta aos pacientes com quadro de maior gravidade. Casos de menor risco são atendidos na sequência ou encaminhados a outros serviços. Os profissionais das unidades trabalham com seriedade e devem ser respeitados pelos usuários", disse a Prefeitura do Rio em nota.