Senador da CPI da Covid pede investigação sobre conduta de Bolsonaro na pandemia
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O senador Humberto Costa (PT-PE) informou, nesta sexta (28), que acionou o Ministério Público que atua junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) e a Procuradoria da República no Distrito Federal para que apurem novas informações sobre a conduta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no combate à Covid-19.
A iniciativa teve como base reportagem publicada na Folha que mostrou que agentes de inteligência do governo Bolsonaro elaboraram mais de mil relatórios sobre a pandemia.
Os documentos projetaram o aumento no número de casos e mortes no Brasil, enquanto o ex-presidente boicotava medidas de combate à Covid-19 e o acesso às vacinas.
Para o senador, que fez parte da CPI da Covid, Bolsonaro "agiu deliberadamente e com dolo para provocar danos à saúde da população brasileira e por consequência danos expressivos ao erário".
"Esse genocida tem de ser condenado tantas vezes quantas forem necessárias para que pague pelos incontáveis crimes que cometeu contra o nosso povo", disse em seu perfil no Twitter.
Costa disse também ser "inadmissível" que Bolsonaro tenha ignorado as informações "com ações e omissões deliberadas, gerando sem dúvida alguns milhares de mortes e agravos à saúde dos brasileiros".
Ele acrescentou à reportagem que o governo do ex-presidente se recusou a entregar informações "fundamentais" à CPI, "apesar dos reiterados pedidos que fizemos".
Mantidos em sigilo durante a gestão passada, os documentos com carimbos da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), GSI (Gabinete de Segurança Institucional) ou sem identificação de autoria foram produzidos ao menos de março de 2020 a julho de 2021.
Eles reforçam que Bolsonaro ignorou, além das recomendações do Ministério da Saúde, as informações que eram levantadas por agentes de inteligência e dentro do próprio Palácio do Planalto.
Os agentes da Abin e do GSI citam o distanciamento social e a vacinação como formas efetivas de controlar a doença, mostram estudos que desaconselham o uso da cloroquina e alertam sobre possibilidade de colapso da rede de saúde e funerária no Brasil.
Os relatórios ainda reconhecem falta de transparência do governo Bolsonaro na divulgação dos dados da pandemia, além de lentidão do Ministério da Saúde para definir estratégias de testagem e combate à doença.
Durante a pandemia, o GSI era comandado pelo general Augusto Heleno, enquanto a Abin estava sob chefia de Alexandre Ramagem, atual deputado federal pelo PL do Rio. Ambos eram aliados fiéis de Bolsonaro e foram procurados pela reportagem, mas não se manifestaram.
Os ex-ministros Braga Netto (Casa Civil), Eduardo Pazuello (Saúde) também não quiseram comentar os relatórios. O ex-presidente Bolsonaro não se manifestou até a publicação deste texto.