Padre vira réu sob acusação de crimes sexuais em Pernambuco

Por JOSÉ MATHEUS SANTOS

RECIFE, PE (FOLHAPRESS) - A Justiça aceitou duas denúncias do Ministério Público de Pernambuco e tornou réus o padre Airton Freire, 67, e funcionários dele por suspeitas de envolvimento em crimes sexuais. O religioso é ligado à Fundação Terra de Pernambuco.

A informação foi divulgada inicialmente pelo Jornal do Commercio e confirmada à Folha de S.Paulo pela Ministério Público. Os casos estão sob sigilo.

Ao todo, cinco pessoas denunciaram à Polícia Civil terem sofrido possíveis abusos. A defesa do padre nega que ele tenha cometido os crimes.

Freire foi preso em 14 de julho na cidade de Arcoverde, no sertão de Pernambuco, pouco mais de um mês após pedir afastamento da entidade depois de surgirem suspeitas de seu envolvimento em casos de estupro.

Dias depois, ele foi transferido para o Real Hospital Português, no Recife, após agravamento de suas condições de saúde decorrente de um princípio de acidente vascular cerebral. Ele segue internado na unidade.

Além do padre, outras duas pessoas foram denunciadas por crimes sexuais. Duas delas, identificadas como Landelino Rodrigues da Costa Filho e Jailson Leonardo da Silva, eram funcionários da entidade religiosa. Landelino está preso, enquanto Jailson está foragido.

Um quarto funcionário da Fundação Terra, que não teve o nome não divulgado e seria um motorista, foi indiciado por falso testemunho. Não há mandado de prisão contra ele.

Airton Freire é o criador da Fundação Terra, entidade que começou a funcionar em 1984 e presta atendimento à população nas áreas de saúde, educação e assistência social.

Ao todo, foram instaurados cinco inquéritos relacionados ao caso, que correm em segredo de Justiça.

Ao todo, o padre foi acusado de crimes sexuais por cinco pessoas, sendo quatro mulheres e um homem. Os crimes teriam sido praticados com a ajuda de funcionários da entidade religiosa.

Nesta segunda (7), a defesa do padre Airton Freire reafirmou, em nota, a inocência do religioso. Disse que "existem provas técnicas e testemunhais, no âmbito dos dois inquéritos concluídos, que atestam que o padre Airton é inocente" e que não podem ser ainda relevadas pelo fato de as investigações estarem sob segredo.

Os advogados também criticaram a Polícia Civil e o Ministério Público e afirmaram que uma das supostas vítimas teria tentado extorquir o religioso.

Os defensores disseram ainda que não havia motivo para a prisão preventiva do padre, já que ele "nunca tentou impedir as investigações, não coagiu testemunhas, nunca representou ameaça de cometimento de crimes e se apresentou espontaneamente à Justiça".

A reportagem não conseguiu contato com as defesas de Jailson e de Landelino.

Em julho, a defesa de Landelino afirmou que os fatos alegados serão, em momento oportuno, devidamente esclarecidos no âmbito do processo. "Ressaltamos que o investigado sempre respeitou as normas e leis que regem o país e possui conduta íntegra. Qualquer conclusão nesse momento será precipitada e temerária."

Também em julho, a advogada Janayra Ferreira, que representa Jailson, disse que ele não tem histórico de conduta criminosa e que a decretação de sua prisão preventiva é infundada. Além disso, ela afirmou que ele está sendo "acusado injustamente de um crime gravíssimo e altamente estigmatizante" e que há provas de sua inocência nos autos que estão sendo desconsideradas.