Secretário de Tarcísio diz que abrir mão de livros didáticos foi um dos maiores erros de sua vida

Por ISABELA PALHARES

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O secretário de Educação de São Paulo, Renato Feder, disse na manhã desta quarta-feira (27) que sua decisão de abrir mão dos livros didáticos do governo federal foi um dos "grandes erros" de sua vida. Ele disse ter recuado após perceber que a medida "não era inteligente".

Feder participou na manhã desta quarta de uma sessão do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, marcada pela posse dos novos conselheiros indicados pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). O órgão é formado por especialistas nomeados pelo governador para regular e aconselhar sobre as políticas educacionais do estado.

Ao dar as boas-vindas aos novos membros, Feder falou sobre suas ações à frente da secretaria.

"Eu falei muito pouco sobre esse assunto e queria trazer pra vocês [do conselho] porque acho importante falar sobre a decisão errada que tomei em relação ao PNLD [Programa Nacional do Livro Didático]. A não adesão [ao programa] foi um dos grandes erros da minha vida", disse.

O secretário se referia à decisão que tomou no fim de julho e retirava as escolas estaduais paulistas do PNLD, no qual o MEC (Ministério da Educação) compra e envia os livros didáticos previamente escolhidos pelas escolas para as redes públicas de ensino de todo o país. Na ocasião, Feder defendeu que o material fornecido era "superficial".

Sua proposta era trocar os livros didáticos impressos por um material digital produzido por sua própria equipe. Depois de uma série de críticas sobre a inviabilidade de se usar apenas o material digital e de diversos erros serem encontrados nas apostilas elaboradas pela secretaria, o governo Tarcísio anunciou o recuo e voltou a aderir ao PNLD.

"Uma nuvem preta me cercou por conta de uma decisão muito ruim que eu tomei", disse o secretário. "Eu recuei, vi que não era inteligente. Mas aí veio uma enxurrada de más notícias, notícias falsas, uma avalanche", continou.

Conforme mostrou a Folha de S.Paulo, a decisão de abandonar o material didático do governo federal foi exclusiva de Feder. Nem mesmo a Coordenadoria Pedagógica (Coped) da pasta foi acionada para realizar quaisquer estudos sobre o impacto, assim como o tema não foi levado às escolas ou diretorias de ensino.