Em ano eleitoral, Nunes quer turbinar gastos com moradia popular e assistência social
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), quer aumentar os gastos municipais em áreas como moradia popular, mobilidade e trânsito no próximo ano, quando deve disputar a reeleição.
A mudança faz parte da proposta de LOA (Lei Orçamentária Anual) que ele enviou à Câmara de Vereadores para 2024.
Segundo o projeto, o município terá um orçamento de R$ 110,7 bilhões no ano que vem, 15,5% a mais em comparação com o deste ano (R$ 95,8 milhões, em valores não corrigidos). No entanto, os investimentos em educação e saúde estão abaixo dessa margem e vão subir, respectivamente, 6% e 11,7%.
A inflação de dezembro do ano passado a agosto deste ano foi de 3,8%.
Os valores reservados para 2024 são de R$ 22 bilhões para Secretaria de Educação e outros R$ 17 bilhões para o Fundo de Saúde.
Já as secretarias de Inovação e Tecnologia, de Governo e de Justiça terão perdas orçamentárias de 11% a 54%, enquanto a verba da pasta de Infraestrutura Urbana e Obras manteve o patamar de investimentos, R$ 1,8 bilhão.
"Vamos avaliar esses aspectos [aumentos tímidos ou queda de investimentos], o momento é de enaltecer a proposta. Espero chegar ao texto final que satisfaça a população, especialmente a de baixa renda", afirmou o vereador Sidney Cruz (Solidariedade), que será o relator do projeto.
As secretarias do Verde e Meio Ambiente e de Cultura receberão apenas 3% a mais cada, e Esporte, 0,6%.
Na área cultural, a administração deverá gastar mais com atrações e eventos. O fundo especial de atividades culturais poderá receber o montante de R$ 2 milhões ante R$ 1,1 milhão de 2022.
Em termos percentuais, as pastas de Habitação e de Mobilidade e Trânsito estão entre as que devem ganhar verbas no ano que vem. O orçamento da primeira saltará de R$ 2,5 bilhões para R$ 3,7 bilhões, um acréscimo de 49%, e o da segunda vai de R$ 6,1 bilhões para R$ 9,8 bilhões (57%).
O projeto prevê ainda o aumento de recursos da Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo) dos atuais R$ 181 milhões para R$ 304 milhões.
Somente o programa Pode Entrar, carro-chefe da secretaria de Habitação, ficará com R$ 3,9 bilhões, praticamente o dobro do valor deste ano. Também estão reservados R$ 453 para construção de moradias em geral.
Pelo Pode Entrar, a prefeitura compra imóveis e os repassa aos beneficiários, que assumem parcelas de até 15% da renda --o restante é subsidiado pelo município.
Segundo o secretário de Habitação, Milton Vieira, o objetivo de Nunes é concluir a gestão, em dezembro de 2024, com 122,7 mil casas entregues à população.
"Com base na média de três pessoas por família, este estoque de casas prontas podem alcançar mais de 360 mil pessoas", disse ele em agosto.
A cidade tem um déficit habitacional de quase 370 mil domicílios. A expectativa da gestão Nunes é fortalecer as ações nessa área para a eleição, quando ele deverá ter como principal rival o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), militante de movimentos sociais de habitação popular. .
A prefeitura afirma, ainda, que irá investir R$ 16,6 bilhões para mudanças climáticas e R$ 2,3 bilhões em assistência social.
Na conta das mudanças climáticas, a gestão contabiliza gastos como o plantio de árvores e implantação de novos parques, além da renovação da frota de ônibus.
O município deverá receber até o final do ano que vem 2.600 ônibus elétricos, sob a expectativa de reduzir a emissão de gás carbônico. O Programa de Metas prevê que 20% da frota, composta por 13 mil ônibus, seja composta por veículos elétricos --hoje são apenas 219.
Na área de transporte, o plano de metas ainda prevê a implantação de quatro novos terminais de ônibus e corredores de ônibus no modelo BRT (Bus Rapid Transit) na avenida Aricanduva e na Radial Leste.
Na área da assistência social, a gestão pretende, além de aumentar a verba da Secretaria Secretaria de Assistência e Desenvolvimento em 37%, turbinar políticas como a de abastecimento alimentar. "São valores bastante significativos para sustentabilidade, moradia popular e combate à insegurança alimentar", afirmou o relator da proposta na Câmara.
Agora, o Legislativo irá realizar 14 audiências públicas, entre sábado (7) a 25 de novembro. Cruz pretende entregar o texto do projeto até o começo de dezembro, e a proposta deverá ser sancionada na última sessão do Legislativo deste ano.