Presidente de associação é morto no Maranhão, no 4º assassinato de líder quilombola no país neste ano

Por TAYGUARA RIBEIRO

José Alberto Moreno Mendes

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da Associação de Moradores do Quilombo de Jaibara dos Rodrigues, José Alberto Moreno Mendes, 47, foi morto na noite da última sexta-feira (27) dentro da sua comunidade, no Maranhão.

O caso é o quarto assassinato de uma liderança quilombola no país em 2023, segundo a Conaq (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Quilombolas).

A morte ocorreu por volta das 18h. Ele foi atingido por disparos de arma de fogo. O quilombo está localizado no território Monge Belo, no município de Itapecuru-Mirim (MA). Conhecido como Doka, ele estava acompanhado por sua filha no momento do ataque.

Testemunhas afirmaram que dois homens em uma moto entraram na comunidade e realizaram os disparos. A filha de Doka não teve ferimentos. Segundo a Conaq, ao menos 35 quilombolas foram mortos nos últimos dez anos.

O quilombo liderado por Doka foi reconhecido pela Fundação Cultural Palmares em 2005, mas ainda não conseguiu o título de propriedade de território. Relatos dos quilombolas apontam que a região é palco de diversos conflitos em razão de disputa pela terra e que as ameaças são constantes.

"Toda violência direcionada ao nosso povo quilombola é uma realidade desesperadora e muito preocupante, é nosso dever alarmar as autoridades públicas brasileiras a situação da violência contra quilombolas no país", disse em nota a Conaq.

A reportagem procurou a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, mas a pasta não respondeu os questionamentos até a publicação deste texto.

Bahia (11), Maranhão (9) e Pará (4) são os estados com mais registros de mortes violentas de quilombolas no Brasil.

Foi justamente na Bahia que ocorreu o assassinato de Mãe Bernadete. Ela foi morta a tiros dentro do terreiro de candomblé que comandava na cidade de Simões Filho, na região metropolitana de Salvador, no mês de agosto deste ano.

Entre os estados brasileiros, o Maranhão tem a maior proporção de quilombolas, com 3,97% da população. Bahia com 2,81% e Amapá, com 1,71%, aparecem na sequência, segundo o Censo 2022 do IBGE.

O Maranhão também tem a cidade com a maior proporção de quilombolas na população. Quase 85% das pessoas que vivem na cidade de Alcântara é deste grupo, ou seja, 15,6 mil quilombolas.

 

O projeto Quilombos do Brasil é uma parceria com a Fundação Ford