Grande SP tem 200 mil imóveis às escuras no 5º dia de apagão, e mortes no estado chegam a 8
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Cerca de 200 mil imóveis na região metropolitana de São Paulo continuam com o fornecimento de energia elétrica interrompido nesta terça-feira (7), de acordo com atualização feita pela Enel por volta das 8h.
O apagão, que começou na última sexta (3), quando uma tempestade atingiu a capital paulista, entra no 5º dia.
Significa que 200 mil imóveis -entre residências e comércios- enfrentam o segundo dia útil da semana às escuras. Fato que tem gerado indignação e prejuízo em parte da população.
Um dos que tem sofrido prejuízo é Alexandre Nogueira, gerente de uma empresa que faz troca de óleo de carros, na esquina da rua dos Bandeirantes, esquina com a rua Zacarias de Gois, no bairro Campo Belo.
"Estamos sem energia desde de sexta (3). Não conseguimos trabalhar, é desesperador. Nesses cinco dias o prejuízo chega a R$ 50 mil. Sem energia não tem como subir os carros para fazer o trabalho. Até ontem os telefones da Enel só davam ocupado. Hoje conseguimos falar, mas não deram previsão", diz.
O número de endereços ainda sem energia elétrica, de acordo com a concessionária, é referente a 24 municípios da região metropolitana de São Paulo.
Em nota, a Enel afirmou que o fornecimento de energia havia sido reestabelecido para quase 90% dos domicílios afetados -ao todo, disse, o apagão na sexta-feira atingiu 2,1 milhões de clientes e 1,9 milhão estavam com o problema resolvido por volta das 8h desta terça.
A empresa afirmou que o vai normalizar o fornecimento "para quase a totalidade dos clientes até esta terça, conforme anunciado em reunião com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB)".
Segundo a Enel, profissionais de empresa estão trabalhando 24 horas nas ruas. "Devido à complexidade do trabalho para reconstrução da rede atingida por queda de árvores de grande porte e galhos, a recuperação ocorre de forma gradual", afirma.
Em todo o estado, o número de domicílios afetados em algum momento após a chuva chegou a 4,2 milhões. Do total, cerca de 500 mil ainda continuavam sem energia no fim da tarde desta segunda (6) ?para 3,7 milhões de endereços (88%), a luz já havia voltado.
O cenário culminou em uma reunião, marcada para esta segunda-feira, entre o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Sandoval Feitosa, representantes das distribuidoras de energia e do Executivo paulistano para "discutir ações futuras e medidas preventivas para deixar a rede de distribuição menos vulnerável aos eventos climáticos".
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) conversou com a imprensa após reunião com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e representantes do setor elétrico que durou mais de três horas na tarde desta segunda.
Ele criticou a atuação da Enel na gestão da crise, destacando que prestadores de serviços em outras regiões do estado já tinham restabelecido até 100% da energia aos seus clientes no sábado (4), enquanto a distribuidora que atua na capital ainda não tinha religado a luz para cerca de 300 mil domicílios até a noite desta segunda.
Ao final da reunião com representantes do setor elétrico, as gestões Nunes e Tarcísio receberam a promessa da Enel que o serviço seria totalmente restabelecido nesta terça, que já havia sido anunciado pela empresa.
Tarcísio mencionou como um dos principais avanços a elaboração de um plano de manejo e poda de árvores, com a cooperação das prestadoras do serviço.
Um projeto de lei deverá ser encaminhado à Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) para tratar do tema.
O governador também afirmou que as empresas devem ressarcimento a pessoas que tiveram prejuízo, com destaque para estabelecimentos comerciais que não puderam funcionar ou perderam mercadoria. O formato dessa indenização será discutido nos próximos 30 dias.
MORTES NO ESTADO PELAS CHUVAS CHEGAM A 8
O temporal que alçou ao caos a maior cidade do país teve ventos que chegaram a 100 km/h. Agentes da administração ainda trabalham para reparar os danos.
Nesta terça (7), o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil confirmaram a oitava morte em decorrência das chuvas no estado: uma pessoa que foi atingida por uma árvore na sexta-feira (3) em Ibiúna, estava internada e não resistiu.
A Secretaria de Estado da Educação afirma que 25 escolas estaduais continuam sem fornecimento de energia. São 14 unidades na capital e 11 no interior do estado. Em 14 escolas as aulas ocorrem de forma remota.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) afirmou que 20 semáforos continuavam apagados na capital por falta de energia, até às 14h desta terça. Os agentes da CET permanecem monitorando o trânsito nos locais.
Em nota nesta terça-feira, a Fhoresp (Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo) afirmou que o apagão provocou um prejuízo de R$ 500 milhões a bares, hotéis e restaurantes paulistas.
"Estimamos de três a quatro meses para o setor se recuperar dos prejuízos causados pela falta de energia elétrica ao longo dos últimos dias, não só pelos estoques de produtos perecíveis perdidos, mas, também, pelo lucro cessante, ou seja, valores que as empresas deixaram de lucrar nesse período", afirmou Edson Pinto. diretor-executivo da entidade.
O executivo afirmou que, os prejuízos tomaram maior proporção porque, em razão do feriado prolongado de Finados (2), hotéis, bares e restaurantes esperavam incremento no movimento e, sendo assim, estavam com estoques reforçados.
Na segunda, a ACSP (Associação Comercial de São Paulo) já havia estimado prejuízo do comércio na Grande São Paulo em R$ 126 milhões devido à falta de energia desde a última sexta.
A estimativa do Instituto de Economia Gastão Vidigal da ACSP é baseada no volume movimentado diariamente na cidade de São Paulo e na região metropolitana.