Mais da metade das estradas no Brasil tem problemas
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A cada dez quilômetros das estradas brasileiras, quase sete são considerados problemáticos e têm avaliação regular, ruim ou péssima. Os dados são da última pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte) sobre as rodovias do país, divulgada nesta quarta-feira (29).
O estudo analisou um total de 111.502 quilômetros de vias. Para classificá-las, a pesquisa levou em conta critérios como a qualidade da pavimentação, a sinalização e o traçado das vias -ou seja, características como a geometria das curvas e a inclinação do pavimento).
A pesquisa identificou um total de 2.648 pontos críticos no país, ou seja, locais com condições atípicas que interferem na fluidez do tráfego, podem trazer riscos à segurança dos usuários e custos adicionais à administração da via.
A região Norte apresentou os piores índices da pesquisa, com quase 16% da extensão das suas rodovias em péssimas condições, e 25% em condições ruins. O Acre é o estado com a situação mais preocupante: quase metade (48%) das suas estradas estão péssimas e menos de 1% tem condição boa, segundo a CNT.
AS PIORES RODOVIAS DO PAÍS
**Ranking - Rodovia - UF - Trecho - Gestão - Classificação**
520º - AM-010 (Torquato Tapajós) - AM - Manaus a Itacoatiara - Pública - Péssimo
519º - PB-400 - PB - Cajazeiras a Conceição - Pública - Péssimo
518º - BR-364 (Marechal Rondon) - AC - Cruzeiro do Sul a Acrelândia - Pública - Péssimo
517º - PE-096 (Dom Henrique Soares da Costa) - PE - Palmares a Barreiros - Pública - Péssimo
516º - MA-106 - MA - Governador Nunes Freire a Alcântara - Pública - Péssimo
515º - PE-126 - PE - Palmares a Quipapá - Pública - Péssimo
514º - AC-010 (Estrada de Porto Acre) - AC - Porto Acre a Rio Branco - Pública - Péssimo
513º - AP-010 (rodovia JK) - AP - Macapá a Mazagão - Pública - Péssimo
512º - PA-263 - PA - Goianésia do Pará a Tucuruí - Pública - Péssimo
511º - BR-174 (Manaus-Boa Vista) - AM - Presidente Figueiredo a Borba - Pública - Péssimo
O estudo da confederação avalia que os investimentos necessários para recuperar as rodovias brasileiras, com ações emergenciais de reconstrução, restauração e manutenção, somam mais de R$ 94 bilhões. Uma pequena fração desse valor foi aplicado: segundo o estudo, o governo gastou R$ 6,7 bilhões com obras de infraestrutura rodoviária no ano passado.
Esse investimento aumentou neste ano, segundo a pesquisa. "Do total de recursos autorizados pelo governo federal para a infraestrutura rodoviária, especificamente no Brasil, em 2023 (R$ 15,01 bilhões), foram investidos R$ 9,05 bilhões até setembro (60,3%)", diz um relatório da pesquisa.
O prejuízo gerado por acidentes foi de R$ 13,4 bilhões em 2022. Além disso, a pesquisa CNT estima que haverá, neste ano, um consumo desnecessário de R$ 1,1 bilhão de litros de diesel devido à má qualidade da malha rodoviária. "Esse desperdício custará R$ 7,49 bilhões aos transportadores", alerta o documento.
AS MELHORES RODOVIAS DO PAÍS
**Ranking - Rodovia - UF - Trecho - Gestão - Classificação**
1º - RJ-124 (Via Lagos) - RJ - Rio Bonito a São Pedro da Aldeia - Concedida - Ótimo
2º - SP-270 (Raposo Tavares) - SP - Presidente Epitácio a Ourinhos - Concedida - Ótimo
3º - SP-225 (Paulo Nilo Romano/Comandante João Ribeiro de Barros) - SP - Itirapina a Santa Cruz do Rio Pardo - Concedida - Ótimo
4º - BR-153 (Transbrasiliana) - TO - Aliança do Tocantins a Talismã - Concedida - Ótimo
5º - SP-463 (Jorge Maluly Netto/Elyeser Montenegro Magalhães) - SP - Ouroeste a Clementina - Pública - Ótimo
6º - SP-320 (Euclides da Cunha) - SP - Rubinéia a Mirassol - Pública - Ótimo
7º - BR-080 - GO - Vila Propício a Padre Bernardo - Pública - Ótimo
8º - SP-191 (Wilson Finardi/Irineu Penteado/Carlos Mauro) - SP - Mogi Mirim a São Pedro - Concedida - Bom
9º - BR-364 (Marechal Rondon - GO - Jataí a São Simão - Concedida - Bom
10º - BR-493 (Arco Metropolitano) - RJ - Itaboraí a Itaguaí - Concedida - Bom
A região Centro-Oeste apresentou a menor proporção de estradas ruins ou péssimas, com 16%. Ao mesmo tempo a maior parte das suas rodovias (48%) foram avaliadas como regulares, e 36% da malha viária está em condições boas ou ótimas. A região teve 18,8 mil quilômetros de estradas avaliadas pela CNT.
Na região Sul, cerca de 32% das rodovias têm condições ótimas ou boas, e 24% estão ruins ou péssimas. A malha rodoviária pesquisada nos estados do Sul é praticamente a mesma do que no Centro-Oeste.
O Sudeste, que tem a maior extensão de rodovias do país (30,7 mil quilômetros foram avaliados), teve a maior proporção de rodovias avaliadas como boas ou ótimas. Elas somam 43% da malha viária da região, com destaque para o estado de São Paulo, o único com mais da metade das estradas (74%) bem avaliadas. Já as estradas ruins ou péssimas representam 26% do total no Sudeste.