Defesa Civil vê 'risco iminente de colapso' em mina da Braskem em Maceió
MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) - A Defesa Civil de Maceió (AL) alertou nesta quarta-feira (29) que uma mina da Braskem na cidade está em risco iminente de colapso. A população que mora próxima a área atingida foi orientada a deixar o local e procurar abrigo.
Com a situação, prefeitura e governo do estado estudam decretar emergência no município. Entre as preparações, estão abrigos para as famílias realocadas, além de leitos em unidades de saúde, equipes de limpeza urbana, alimentação, cestas básicas, kit de limpeza e higiene pessoal, entre outros. A empresa diz que parou as atividades no local.
O caso tem ligação com o afundamento do solo que atinge cinco bairros da capital de Alagoas. O problema começou em março de 2018, e até hoje não foi solucionado. O Serviço Geológico do Brasil, órgão do governo federal, concluiu que as atividades de mineração da empresa em uma área de falha geológica causaram o problema.
Desde então, mais de 60 mil famílias dos bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol foram realocadas para outros pontos da cidade.
De acordo com a Defesa Civil, o monitoramento da região foi aumentado porque foram registrados cinco abalos sísmicos neste mês. Nesta quarta, foi identificado o risco de colapso da Mina 18 da Braskem, localizada no bairro de Mutange, onde antes ficava o centro de treinamento do CSA, que disputou a Série A do Campeonato Brasileiro em 2019. A área é desabitada, mas muitas pessoas ainda moram nas redondezas.
Moradores receberam um aviso por volta das 13h, via SMS. "Risco de colapso na região desocupada próxima ao antigo campo do CSA. Se estiver na área, procure um local seguro", diz o texto.
A Defesa Civil disse ainda que 'os últimos sismos ocorridos se intensificaram' e que 'há risco iminente de colapso em uma das minas monitoradas'. Também há a recomendação para que embarcações evitem transitar na região. Há um bloqueio nas ruas para que não se tenha acesso.
Por meio de suas redes sociais, o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), conhecido como JHC, afirmou que instaurou um gabinete de crise.
"Com o agravamento dos tremores de terra e risco iminente de afundamento de uma mina no Mutange, determinei a criação de um Gabinete de Crise, que vou comandar com profissionais de diferentes áreas, para coordenar a situação, preservar vidas e garantir a segurança de todos."
Governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB) confirmou o acompanhamento da Defesa Civil Nacional e do Serviço Geológico do Brasil. "Esse desabamento pode ocasionar a formação de grandes crateras, por isso as equipes nacionais estão chegando a Alagoas nesta noite."
Em nota, a Braskem disse que paralisou as atividades na área de resguardo "em decorrência do registro de microssismos e movimentações de solo atípicas pelo sistema de monitoramento". Eles foram detectados dentro das áreas de serviço da companhia, nas proximidades da avenida Major Cícero de Goes Monteiro.
"A área, que já estava com algumas atividades paralisadas para evitar interferência na coleta de dados, foi isolada preventivamente e em cumprimento às ações definidas nos protocolos da companhia e da Defesa Civil. Essa é uma medida preventiva enquanto se aprofunda a compreensão da ocorrência", diz a nota.
Ainda segundo o comunicado, a Braskem segue acompanhando os dados de monitoramento, que são compartilhados em tempo real com a Defesa Civil Municipal.
Morador do Flexal de Baixo, perto do Mutange, Maurício Sarmento participa da coordenação do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem. "Estamos muito preocupados. Eu, com minha família, estou evacuando minha residência por conta própria e estou orientando aos amigos e familiares para que também saiam", disse.
A orientação, segundo ele, é que as pessoas deixem suas residências, porque não se sabe o que pode acontecer. "Agora, temos que deixar nossas casas com risco de vida. Temos que passar por áreas de risco, com locais já interditados".
O CASO
A Braskem teve em Maceió 35 poços de extração de sal-gema, material usado para produzir PVC e soda cáustica. A exploração do minério começou em 1979 e se manteve até maio de 2019, quando foi suspensa um dia após a divulgação do laudo pelo Serviço Geológico.
A atividade de mineração deixou um rastro de impactos geológicos e ambientais que ainda estão em curso --não estão descartados novos tremores e afundamentos no futuro.