Operação Verão registra 33ª morte em supostos confrontos com PMs na Baixada Santista
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um homem morreu na noite desta sexta-feira (23), em suposto confronto com policiais militares em Santos (SP), elevando para 33 o número de suspeitos mortos na Baixada Santista durante a Operação Verão, iniciada após a morte do soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo, 35, no dia 2.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, PMs faziam patrulhamento no bairro José Menino, por volta das 21h, quando suspeitaram de um imóvel que seria usado como ponto de tráfico de drogas.
Quando os PMs se aproximaram do local, afirma a pasta em nota, três pessoas deixaram o imóvel sem esboçar reação, mas um quarto suspeito saiu armado e atirou contra os policiais, que revidaram.
"Ele foi socorrido pelo Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência], mas não resistiu", diz trecho da nota.
Conforme o texto, no imóvel foram apreendidas armas, carregador adaptado com capacidade para 100 munições, entorpecentes, rádios comunicadores, e celulares.
O caso foi registrado como tráfico de drogas, homicídio, associação ao tráfico, posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e tentativa de homicídio pela CPJ (Central de Polícia Judiciária) de Santos, que requisitou perícia.
"Os fatos serão investigados pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento do Ministério Público e do poder Judiciário", diz a SSP.
Na última quarta-feira (21), um homem já havia sido morto em suposta troca de tiros com a PM na Baixada Santista.
Conforme a SSP, policiais militares faziam patrulhamento no Jardim Rio Negro, em São Vicente, quando iniciaram um procedimento de abordagem a um suspeito, que atirou contra a equipe, que interveio.
O homem de 31 anos, conforme a pasta da segurança, foi atingido e socorrido ao pronto-socorro local, mas não resistiu. Com ele, também segundo a SSP, foi apreendida uma arma de fogo e uma quantia em dinheiro, não informada.
Na madrugada de sexta-feira (23), um atirador de elite do COE (Comandos e Operações Especiais) acertou um homem que estaria com uma arma calibre .45 atirando contra policiais em uma operação em área de mata fechada em Santos.
Na ação, um dos suspeitos foi ferido na região do braço e no punho e acabou socorrido ao hospital, onde permanece internado sob escolta policial", afirmou a secretaria, em nota. Além da arma do suspeito, disse trecho do texto, foram apreendidas quase 4.000 porções de drogas, a sua maioria cocaína.
A quantidade de óbitos torna a Operação Verão 2024 a segunda ação mais letal da história de São Paulo, atrás apenas do massacre do Carandiru, quando 111 homens foram mortos durante a invasão da Casa de Detenção, em 2 de outubro de 1992.
O número de homicídios registrados na Baixada entre os dias 3 e 24 de fevereiro já é superior ao de 40 dias de Operação Escudo, realizada na mesma região entre 28 de julho a 5 de setembro, quando 28 pessoas foram mortas após o assassinato do também soldado da Rota Patrick Bastos Reis, 30. O PM foi baleado em uma via na periferia de Guarujá na noite de 27 de julho. Assim como Cosmo, Reis também estava em serviço ao ser atingido.
Mesmo com nomes diferentes (Verão e Escudo), as investidas dos policiais são semelhantes: ocorrem principalmente nas periferias das cidades de Santos, São Vicente e Guarujá e contam com a presença de praças e oficiais lotados na capital, por exemplo, da Rota e do 3º Batalhão de Choque, com sede na Vila Maria (zona norte).
O tipo de material apreendido e apresentado pelos policiais também são comuns às duas operações --armas, drogas e rádios comunicadores.
"Assim como na Operação Escudo, a atual [Verão] é repleta de denúncias de abuso e violência policial. Infelizmente, os relatos de familiares das vítimas e testemunhas apontam para práticas de execuções sumárias, destruição de câmeras de vigilância das ruas, não utilização de câmeras corporais por policiais de batalhões que deveriam usá-la. Sob o argumento de combater o crime organizado, a SSP tem dado margem para que maus policiais pratiquem todo o tipo de arbitrariedade", afirma a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno.
Em nota, a SSP disse que as forças de segurança do estado são instituições legalistas que atuam no estrito cumprimento do seu dever constitucional. As corregedorias estão à disposição para formalizar e apurar toda e qualquer denúncia contra agentes públicos, reafirmando o compromisso com a legalidade, os direitos humanos e a transparência.
Segundo a pasta da segurança, a Operação Verão tem o objetivo de combate à criminalidade e a garantia da segurança da população. Conforme a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), 772 pessoas foram presas, incluindo 286 procurados pela Justiça, além de mais de meia tonelada de drogas e 86 armas ilegais
"Até o momento, 33 pessoas morreram em confronto com a polícia, entre elas o líder de uma facção criminosa envolvida com o tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro, tribunal do crime e atentado contra agentes públicos", diz o governo.
"Todos os casos de mortes em confronto são rigorosamente investigados pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento do Ministério Público e do poder Judiciário", afirma a secretaria.