Dançarino é espancado após fazer apresentação de dança no litoral de SP

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O instrutor de dança Flávio Arcangeletti, 29, foi alvo de violência de caráter homofóbico enquanto trabalhava em um bar de São Vicente, no litoral de São Paulo, no último sábado (2).

Flávio estava trabalhando como dançarino no local quando, durante uma pausa na apresentação, foi abordado por dois homens. Os suspeitos levaram a vítima para uma parte externa do bar e passaram a agredi-lo com a ajuda de outras quatro pessoas, segundo a polícia.

Até o momento, dois agressores já foram identificados, mas suas identidades não foram reveladas. Por esse motivo, o UOL não conseguiu localizar suas defesas. O espaço segue aberto para manifestação.

Ao UOL, Flávio afirmou que não conhece nenhum dos suspeitos e que o motivo da agressão seria homofobia, embora ele seja heterossexual. O dançarino relatou que durante as agressões, era alvo de xingamentos homofóbicos. "Sabe que aqui não é lugar de viadinho ficar rebolando. Agora vamos conversar seu viadinho do caralho", teriam dito os agressores, de acordo com Flávio. "Rebola agora seu gayzinho. Quero ver onde você vai rebolar agora bixinha", continuaram os suspeitos com as ofensas.

Arcangeletti também relatou a dinâmica das agressões físicas e ressaltou que a violência teve início no momento da abordagem. "Fui surpreendido pelo indivíduo e arrastado para fora de forma agressiva. Como estava surpreso pela atitude, fiquei sem reação e sem entender nada. Enquanto [o agressor] me arrastava para fora, ele falava [os xingamentos homofóbicos]".

Na parte externa do bar, outro homem começou a agredi-lo com socos e tentou arrancar os piercings que tem no rosto. Segundo contou, ele tentou se defender, momento em que um dos agressores enfiou a mão em sua boca para tentar puxar um piercing que tem nos lábios, mas não conseguiu. Entretanto, provocou um ferimento na parte interna de sua boca.

Pouco tempo depois, ele foi socorrido por seguranças do local, que afastaram os agressores. "Tentei me defender de diversas investidas de murros, chutes e até garrafadas. Procurei só proteger minha cabeça para que eu não desmaiasse e me acontecesse algo pior. Durante todo o ato de covardia, eu escutei diversas coisas como 'rebola agora seu gayzinho'".

Caso foi registrado como lesão corporal e injúria, além de ameaça. Um dos agressores enviou mensagens intimidadoras para o celular da vítima, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo. Na mensagem, o suspeito alegou pertencer a uma organização criminosa e fez ameaças contra a integridade física de Flávio e de um irmão dele, de 18 anos.

O bar Manguete disse não compactuar com qualquer forma de discriminação e que expulsou os agressores do local, além de ter prestado amparo à vítima. "Cabe ressaltar que a casa toma todas as precauções devidas e age conforme determinado em lei para poder proporcionar o que tem de melhor para os clientes".