Mandantes de assassinato de Marielle prometeram lotes para executor do crime
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Ronnie Lessa, assassino da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, afirmou em seu acordo de colaboração premiada que ganharia lotes em um empreendimento imobiliário na zona oeste do Rio de Janeiro como pagamento pelo crime.
Os relatos do executor do crime foram a base para a operação deflagrada pela Polícia Federal neste domingo (24) para prender o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), o conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Rio Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil no Rio.
Os integrantes da família Brazão são apontados como mandantes do crime e o delegado da Polícia Civil teria atuado para obstruir a investigação instaurada após o assassinato.
A ocupação e loteamento de áreas na região oeste do Rio de Janeiro está justamente entre os motivos, segundo a investigação, que levaram os integrantes da família Brazão a encomendar o assassinato de Marielle.
Na coletiva sobre o caso, o diretor da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que o assassinato não tem apenas um único motivo.
Segundo eles, os motivos estão dentro de um contexto de várias situações que envolviam a atuação da vereadora Marielle.
"São várias situações que envolvem a vereadora Marielle e que levaram esse grupo de oposição, e o ministro [da Justiça, Ricardo Lewandowski] falou da questão política, e que envolve questão ligadas a milícias, disputa de território e legalização de empreendimentos".
O ministro da Justiça leu um trecho da decisão de Alexandre de Moraes sobre a motivação e, citando o relatório da PF, afirmou que Marielle se opunha ao grupo politico da família Brazão que queria regularizar terras para uso comercial.
A vereadora, por sua vez, defendia que as áreas na região oeste do Rio fossem destinada para fins sociais e de moradia popular.
Em sua delação, Ronnie Lessa disse que o planejamento do crime começou no segundo semestre de 2017.