Lula afaga evangélicos em 1º ato de campanha e fala em Bolsonaro possuído pelo demônio
SÃO BERNARDO DO CAMPO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) está tentando manipular evangélicos e chamou o atual mandatário de "fariseu", "presidente fajuto e genocida".
"Ele é um fariseu e está tentando manipular a boa-fé de homens e mulheres evangélicos que vão à Igreja tratar da sua fé, da sua espiritualidade. Eles ficam tentando contar mentira o tempo inteiro. Mentiras sobre o Lula, sobre a mulher do Lula, sobre vocês, sobre índios e quilombolas", disse.
"Não haverá mentira e nem fake news que manterá você governando esse país, Bolsonaro", seguiu Lula.
"Se tem alguém que é possuído pelo demônio é esse Bolsonaro", disse o ex-presidente.
Como a Folha de S.Paulo mostrou, o PT está lançando uma ofensiva para desmentir rumores de que Lula fechará igrejas evangélicas no país.
Em seu discurso, o ex-presidente também afirmou que ele sancionou a lei que criou o Dia da Marcha para Jesus, em 2009, proposta pelo bispo e então senador Marcelo Crivella, da Igreja Universal do Reino de Deus.
Lula deu o pontapé inicial de sua campanha à Presidência em visita à fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, São Paulo, nesta terça-feira (16). Pela lei, o processo eleitoral começa oficialmente nesta terça.
O local escolhido tem forte simbolismo, pelo fato de as trajetórias do PT e de Lula estarem ligadas à cidade do ABC.
"Foi aqui que tudo aconteceu na minha vida. Foi aqui que eu aprendia a ser gente, que eu adquiri consciência política e foi por causa de vocês que eu acho que fui um bom presidente da República", disse ele.
O petista voltou a afirmar que o auxílio concedido pelo governo Bolsonaro tem caráter eleitoreiro. "Ele está achando que o povo é muito besta e que pode enganar o povo. Eu fui favorável a votar o auxílio, pedi para a bancada do PT votar. E se vocês conhecerem alguém que está precisando e cair dinhieirinho na conta deles, mande pegar e comer porque se não pegar o Bolsonaro vai tomar", afirmou.
Ele disse ainda que uma das primeiras medidas que tomará em um eventual governo será reajustar a tabela do imposto de renda.
Lula também disse que já era candidato há um tempo, mas que antes ele não podia falar de campanha e não podia pedir voto. "Só hoje à meia-noite que eu pude acordar e falar para a Janjinha: 'Janjinha, vota em mim'. Até ontem eu não podia. Tive que acordar e pedir o meu primeiro voto só hoje."
O ex-presidente chegou a se emocionar ao fim de seu discurso ao falar sobre a fome e a miséria. "Vocês fiquem tranquilos que não vão ver mais criança pedindo esmola ou companheiro dormindo na sarjeta. Não é por falta de dinheiro é por falta de vergonha na cara das pessoas que governam. Elas não sabem o que é a fome."
Lula estava acompanhado da presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), candidato da legenda ao Governo de São Paulo, e do ex-governador Márcio França (PSB), que disputará o Senado pela chapa encabeçada por Haddad.
Gleisi afirmou que a campanha será "muito duro" e que o presidente Jair Bolsonaro (PL) "joga baixo".
"Como ele não tem projeto para o país, ele mente descaradamente e faz campanha baixa. Nós precisamos ser o mutirão da verdade, desmentir o que essa gente está dizendo, jogando medo na população, usando a religião e a fé das pessoas para fazer política."
Uma visita a outra fábrica, que estava prevista para ocorrer na manhã desta terça, foi cancelada na segunda-feira (15) por questões de segurança. Equipes que fazem a proteção de Lula mencionaram a razão aos organizadores da visita. O petista visitaria a metalúrgica MWM, no bairro de Jurubatuba, às 7h.
A preocupação com a segurança do ex-presidente tem sido constante desde o começo da pré-campanha.
O petista ainda participará da cerimônia de posse do ministro Alexandre de Moraes no comando do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na noite desta terça, em Brasília.
Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL) deverão se encontrar pela primeira vez desde que confirmaram a intenção de disputar a eleição ao Palácio do Planalto.
No primeiro vídeo divulgado nas redes após o início da campanha eleitoral, Lula afirma que quer voltar à Presidência para "mudar de novo a vida do povo", porque "do jeito que está ninguém aguenta mais". E cita temas que serão centrais em sua campanha: o combate à fome, a inflação e a valorização do salário mínimo.
O petista diz também que o primeiro passo é vencer as eleições e que ele tem viajado pelo Brasil "levado uma mensagem de esperança e fé ao nosso povo".
"Mas o Brasil é imenso, por isso eu conto com vocês como sempre contei. Onde minhas pernas não puderem me levar, eu andarei pelas pernas de vocês. Onde minha voz não puder chegar, eu falarei pela voz de vocês", diz Lula no vídeo.