Leite quer manter neutralidade no segundo turno, apesar de possível embate com bolsonarista
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Candidato ao governo do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) não pretende declarar voto na disputa presidencial do segundo turno, caso ocorra entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
Isso ocorreria mesmo em um cenário no qual Leite enfrente na segunda etapa o bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL).
"A campanha vem se esforçando para criar desde já uma base de centro democrático, algo que nos permita caminhar com nossas próprias pernas, sem precisar se alinhar com um lado ou com o outro, mesmo no segundo turno. Essa é uma premissa estratégica da nossa campanha", diz Caio Tomazelli, coordenador da campanha do tucano.
Segundo ele, Eduardo Leite já vem repetindo que encontrou soluções "atacando problemas e não pessoas" e essa tem sido a tônica até o momento. "Nós queremos construir um valor para o voto, diferente da polarização. Precisamos encontrar um novo caminho. Que seja encontrado no Rio Grande do Sul", diz.
Aliados do tucano, no entanto, reconhecem que o resultado da urna pode acabar empurrando o candidato para uma aproximação com a esquerda no estado. As pesquisas hoje mostram que o mais provável é um segundo turno com Onyx, que tem calcado fortemente sua comunicação na associação com Bolsonaro e nas pautas de costumes.
Por isso, conseguir atrair os votos de Edegar Pretto (PT) em um eventual segundo turno pode se tornar parte importante dessa estratégia. Esses aliados apostam que Leite tentará fazer acenos ao eleitorado petista, mas tentando evitar, ainda assim, uma declaração formal de apoio.
Em 2018, o tucano gravou um vídeo no qual declarava apoio a Bolsonaro e acabou sendo cobrado posteriormente. À Folha de S.Paulo, o ex-governador afirmou que a declaração foi um erro.
Lula intensificou a busca pelo voto útil e interlocutores têm buscado integrantes do PSDB. Tomazelli diz que, a despeito do que isso possa significar não só do posicionamento de Leite no xadrez nacional como também na busca por espaços dentro do partido, o foco agora é nos problemas do Rio Grande do Sul. "O importante no momento é que a gente tenha o olhar constante para as nossas questões internas."