Campanha de Bolsonaro lamenta atritos com Tebet e Soraya e comemora falas de economia
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) avalia que o debate entre os presidenciáveis realizado neste sábado (24) teve como principal fator negativo o embate do mandatário com as adversárias Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil), o que pode dificultar a missão de reduzir a rejeição do candidato à reeleição no público feminino.
Por outro lado, aliados do presidente acreditam que o encontro organizado por um pool de veículos de comunicação foi bom para o chefe do Executivo apresentar dados positivos da economia registrados nos últimos meses.
Da mesma forma, comemoraram as falas sobre o Auxílio Brasil e apostam na exploração das intervenções de Bolsonaro sobre o tema como forma de conter o crescimento de Lula nas camadas mais pobres da população.
A campanha do presidente também avalia que a ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode gerar um desgaste para o petista na reta final do primeiro turno e atrapalhá-lo na tentativa de atrair o voto útil a fim de encerrar o pleito no próximo dia 2 de outubro.
Da mesma forma que viram a ausência do principal adversário como positiva, ela gerou um fator negativo, uma vez que Bolsonaro tornou-se alvo preferencial de todos os candidatos presentes no debate, que foi organizado por SBT, CNN Brasil, O Estado de S. Paulo, Terra, Veja e as rádios Eldorado e Nova Brasil.
Devido a isso, o atual presidente acabou sendo mais atacado do que esperava, com menções ao envolvimento de seus filhos em denúncias de corrupção e de casos de supostos desvios de verba pública em seu governo, como no caso do Ministério da Educação.
Interlocutores do mandatário, porém, têm tentado nos bastidores relativizar o alcance do debate por avaliarem que o encontro teve um engajamento nas redes sociais menor do que era aguardado.
Eles acreditam, por exemplo, que o enfrentamento entre os candidatos neste sábado não gerou nenhum grande fato negativo como no primeiro debate, no fim de agosto, quando o presidente fez um ataque machista à jornalista Vera Magalhães.
No entanto, acreditam que o encontro pode dificultar na missão do presidente de reduzir a rejeição junto às mulheres, uma das fatias do eleitorado em que registra os menores índices de aceitação.
Isso porque, Simone e Soraya foram as mais incisivas nas críticas a Bolsonaro e o presidente não conseguiu dar respostas convincentes sobre os temas pelos quais foi questionado por elas.
Em relação ao corte no Farmácia Popular proposto para o ano que vem no Orçamento enviado ao Congresso, por exemplo, tentou se esquivar e dividir a culpa com o Legislativo.
Em relação às emendas de relator, que são criticadas pela falta de transparência, também tentou se eximir de culpa e disse que não sabe "para onde vai" o dinheiro.
Por outro lado, aliados que tocam a campanha do presidente à reeleição afirmam que ele seguiu à risca o objetivo traçado inicialmente de tentar dialogar diretamente com o eleitor com renda mais baixa.
Aliados de Bolsonaro apostavam no aumento do Auxílio Brasil para R$ 600 reais aprovado em julho como uma forma de aumentar sua popularidade na população mais carente.
Pesquisa Datafolha divulgada nesta semana, contudo, mostrou que Lula aumentou sua diferença em relação ao atual presidente entre os eleitores que ganham até dois salários mínimos.
Bolsonaro, então, foi com um discurso ensaiado voltado para este público no debate deste sábado. O presidente afirmou que triplicou o benefício em relação ao Bolsa Família, que foi criado no governo do PT, e prometeu manter o auxílio neste patamar.
Ele também fez afirmações otimistas na tentativa de vender a imagem de que o Brasil está melhorando e irá manter crescimento econômico e continuará gerando mais empregos caso seja reeleito presidente.
Isso foi visto como positivo pela campanha principalmente devido à ausência de Lula, que não teve como rebater a afirmação de seu principal adversário nem fazer promessas a esse eleitorado, que é maioria no país.
Outro fator que marcou o debate para Bolsonaro foi a dobradinha que fez com Padre Kelmon (PTB), que substituiu o bolsonarista Roberto Jefferson (PTB), impedido de concorrer, na eleição presidencial. Ele fez perguntas permeadas de críticas à esquerda sobre aborto e perseguição aos cristãos na Nicarágua e levantou a bola para o atual presidente reforçar as críticas ao PT.