Adversário leva operação contra governador de AL à propaganda de TV

Por JULIANA BRAGA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A campanha do senador Rodrigo Cunha (União), candidato ao governo de Alagoas, reuniu-se de forma emergencial para redesenhar a estratégia e levar à propaganda de rádio e TV ainda nesta terça-feira (11) o afastamento do governador Paulo Dantas (MDB) do cargo.

A pedido da PF (Polícia Federal), Dantas foi afastado do governo por 180 dias ao ser alvo de uma operação autorizada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Segundo investigadores, os fatos apurados são da época em que Dantas era deputado estadual e também do período em que já ocupava o cargo de governador. Entre as suspeitas está a prática de uso de funcionários fantasmas em seu gabinete.

O programa de Rodrigo Cunha explora o conceito de "exaustão" com casos de corrupção, com uso de imagens do dinheiro apreendido nos cofres do governador, carros da PF que executaram a operação e manchetes dos jornais locais, com um tom mais pesado contra o governador.

O senador Renan Calheiros (MDB), que apoia Paulo Dantas, acusou a ministra do STJ Laurita Vaz, que autorizou a operação, de ser bolsonarista. Ele havia enviado um ofício em 5 de outubro ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pedindo a troca da superintendência da PF no estado.

A coligação de Paulo Dantas, que reúne além do MDB e do PT outros seis partidos, emitiu nota na qual afirma que a operação é suspeita, realizada a três semanas do segundo turno, por fatos referentes a 2017. "O uso político do aparato policial é tão claro e evidente que a operação espetaculosa acontece dois dias antes da anunciada presença de Lula em um ato de campanha em Maceió", registra o documento.

A nota faz referência ainda à suposta ingerência política no comando da PF local revelada pelo jornal Folha de S.Paulo. O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) barrou a tentativa da cúpula do órgão de mudar o então superintendente Sandro Valle Pereira pelo delegado Marcelo Werner. Em agosto, acabou assumindo a delegada Juliana de Sá Pereira.