Moraes derruba canal de bolsonarista no Telegram que defendeu 'quebrar urna'

Por MATEUS VARGAS

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, mandou o Telegram apagar um canal com 180 membros administrado por um bolsonarista que defendia quebrar urnas "no pau" e "meter bala na cabeça do Xandão".

Segundo decisão tomada nesta sexta-feira (28), o "pastor Jackson Villar" compartilhava as mensagens com ataques às urnas, mensagens com xenofobia e ameaças a autoridades na página chamada "Nova Direita 70 Milhões".

O administrador do canal derrubado por Moraes ainda tentou ser candidato a deputado federal por São Paulo, pelo partido Republicanos, mas teve o registro negado pela Justiça Eleitoral.

A Agência Pública revelou as mensagens de Villar no grupo do Telegram. Jornalistas da empresa sofreram ameaças após a publicação.

O processo no TSE teve origem em dados encaminhados a Moraes pela Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação. Ou seja, a decisão não teve origem em provocação de partidos, candidatos ou do Ministério Público Eleitoral.

A decisão lista o teor de algumas das gravações de Villar que eram enviadas ao grupo.

"Eu estou cansado de ver frouxo. Tem que quebrar no pau, tem que acabar, pegar uma urna dessa e quebrar ela todinha no pau", disse ele em um dos áudios.

"Enquanto não provar que houve fraude pra ter uma coisa mais limpa, porque do jeito que tá aí essa urna, já tá programado pro Lula ganhar, gente", afirmou ainda.

Em outro caso, Villar fez fala com xenofobia:

"Eu sei que, principalmente na Bahia, baiano é gente boa, mas ele é meio discarado. É falso. Eu conheço a natureza do baiano. O negócio dele é se requebrar. Eu vou botar esses cabra safado pra se requebrar lá em Brasília. Ou o pau vai comer aí mesmo."

Ainda disse que iria "meter bala na cabeça do Xandão", em referência ao próprio presidente do TSE. "Só não tive oportunidade ainda", declarou ainda Villar.

Moraes usou para derrubar o canal a resolução aprovada na semana passada que endurece as regras para remoção de fake news contra o sistema eleitoral, permitindo ao tribunal "agir de ofício".

"O ataque às urnas eletrônicas e o correspondente incentivo à sua destruição vêm a público em conjunto com uma série de falas odiosas e com expressa apologia à prática de atos criminosos e violentos, como agressões físicas a opositores, em detrimento da liberdade de voto, assim como o atentado a vida de uma autoridade do Poder Judiciário eleitoral", escreveu Moraes.