Milton Leite mobiliza seu reduto a favor de Tarcísio e Bolsonaro
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em seu sétimo mandato de vereador em São Paulo, Milton Leite (União Brasil), tido como um dos políticos mais influentes nas administrações da prefeitura da capital e do governo estadual, vem promovendo a candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) onde a campanha tem mais dificuldades de virar votos.
Mais especificamente em bairros periféricos como Jardim Ângela, Grajaú, Parelheiros, Guaianases, onde Tarcísio viu o seu rival no segundo turno, Fernando Haddad (PT), contabilizar mais votos. Assim, como Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também superou o padrinho de Tarcísio, Jair Bolsonaro (PL), na eleição nacional.
Milton colocou à disposição da campanha de Tarcísio e Bolsonaro essas regiões para eventos como caminhadas e comícios. Mas não houve disposição dos bolsonaristas por percorrer tais bairros até o momento. Sendo assim, o próprio Milton e seus filhos Alexandre (deputado federal) e Milton Leite Filho (deputado estadual) têm feito o corpo a corpo na periferia.
No primeiro turno, Milton havia tentado mobilizar a zona sul paulistana, seu reduto eleitoral, em torno da candidatura de Rodrigo Garcia (PSDB).
Milton justifica a sua mobilização em torno de Tarcísio por ter diferenças com Haddad. Antes do primeiro turno, o candidato do PT disse que não gostaria de contar com o apoio do vereador paulistano. No entanto, a derrocada tucana no pleito deste ano coloca em xeque parte do domínio de Milton sobre a máquina estadual.
O vereador tem nomes indicados por ele atuando na pasta de Logística e Transporte. Como a Folha de S.Paulo mostrou no dia 12, a pasta é dona de um orçamento de quase R$ 12 bilhões, dos quais cerca de R$ 10 bilhões já foram empenhados durante este ano eleitoral -a pasta tem sob seu guarda-chuva o DER (Departamento de Estradas de Rodagem). O órgão tem, ao todo, 1.124 cargos ocupados, além de 1.683 vagos.
O departamento também é responsável por construções de grande porte, como a duplicação da estrada do M'Boi Mirim, no extremo sul de São Paulo, reduto de Leite. Em vídeo nas redes sociais sobre o apoio a Tarcísio, ele citou o compromisso de manter obras e programas. "Tem que concluir aquilo que foi iniciado."
"Não tenho mágoa de político, tenho diferenças que se cristalizaram na palavra dele, o Haddad. Ele disse que não queria o meu apoio, não tem problema. O Haddad é mal-amado na política", disse Milton à Folha de S.Paulo.
"Não sei como ele [Haddad] está com a sua campanha, que construa os apoios dele. Mas ele tem dificuldade de dialogar com as pessoas. O problema todo é que ele se acha, mas não é", completa o vereador.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa disse que Haddad não irá se manifestar sobre as declarações do vereador.
O petista disse em sabatina realizada pela Folha de S.Paulo/Uol na quinta (26) que, se Tarcísio for eleito, o Palácio dos Bandeirantes será tomado pelo centrão e citou, entre outros nomes, o de Milton.
"O Tarcísio não tem a menor condição de governar este estado, é um estado que ele não conhece. O centrão vai mandar. São Paulo vai cair nas garras do Valdemar Costa Neto [PL], do Milton Leite [União Brasil], que manda hoje na prefeitura e no estado de São Paulo, do Edir Macedo [da igreja Universal do Reino de Deus] e do Republicanos", disse.
A família Leite também tem conduzido milhares de apoiadores aos eventos de Tarcísio e Bolsonaro em São Paulo. No ginásio do Canindé, durante encontro do presidente e do ex-ministro de Infraestrutura com prefeitos e vereadores dos municípios paulistas, além de deputados estaduais, o nome de Milton foi um dos mais ovacionados pelo público.
Algo que os Leites já vinham fazendo anteriormente. Na convenção do PSDB que oficializou a candidatura de Rodrigo, por exemplo, inúmeras faixas estendidas no ginásio do Ibirapuera já enaltecem Milton e seus filhos.
O vereador também roubou a cena na convenção da União Brasil em que oficializou o nome de Soraya Thronicke como sua candidata à Presidência da República. Milton providenciou 80 ônibus para milhares de pessoas, entre apoiadores e cabos eleitorais. Cartazes com fotos da família tinham mais destaque que imagens da própria Soraya.