PL e PT crescem e terão as maiores bancadas da Assembleia Legislativa de SP

Por RAFAEL BALAGO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O PL (Partido Liberal) e o PT (Partido dos Trabalhadores) ampliaram suas bancadas na Assembleia Legislativa de São Paulo nas eleições deste domingo (2). Com 100% das urnas apuradas, o partido do presidente Jair Bolsonaro passará a ter 19 assentos na Casa, ante os 17 atuais, de acordo com dados do TRE (Tribunal Regional Eleitoral).

Já o PT, que somava 10 assentos, teria 19 vagas também. O partido aderiu ao modelo de federação, e as vagas serão divididas com PC do B e PV. O Plenário tem ao todo 94 assentos.

O PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), que governou o estado de São Paulo desde 1995 e que atualmente preside a Alesp, terá queda no total de deputados de 13 para 11, a serem divididas com o Cidadania. Os tucanos também aderiram ao modelo de federação.

Até a publicação deste texto, o TRE não havia confirmado os 94 eleitos.

O Palácio dos Bandeirantes será disputado, em segundo turno, por Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT). Os partidos que apoiam Tarcísio terão vantagem na casa: somarão 33 deputados, sendo que apenas o Republicanos deve eleger oito nomes. O grupo inclui ainda PL, PSD, PTB, PSC e PMN.

Já a coligação de Haddad, que inclui PSB, PSOL, Rede, PC do B, PV e Agir, ficará com 28 representantes. Entre os candidatos mais votados, há um trio de nomes de esquerda. O veterano Eduardo Suplicy, 81, liderou e teve 807 mil votos, seguido por Carlos Giannazi (PSOL) e a Bancada Feminista (PSOL).

Com isso, Suplicy voltará ao cargo no qual começou sua carreira política. Ele foi eleito pela primeira vez para deputado estadual em 1978, ainda pelo MDB, e ficou no cargo até 1982. Na época, ele fez oposição à ditadura militar e pressionou pela investigação do paradeiro de desaparecidos políticos.

O petista defende, há décadas, a criação de uma renda básica de cidadania, a ser dada pelo governo a todos os cidadãos. Em junho, teve um atrito com a campanha de Lula, ao fazer uma cobrança pública pela inclusão de suas propostas no futuro plano de governo durante um ato partidário.

Em entrevista à Folha de S.Paulo na noite deste domingo, o petista agradeceu o apoio que recebeu durante a campanha que, segundo ele, foi a mais modesta que fez. Ele disse que agora deve se empenhar nas ações do PT para o segundo turno.

"Fico muito alegre, mas agora devo acompanhar Lula e Haddad em suas campanhas, é muito importante demonstrar todo o meu apoio. Elegê-los é seguir com o meu projeto de vida, a renda básica universal. É esse projeto que guia minha vida na política, por ele estou nela até hoje."

Segundo na lista de mais votados, Carlos Gianazzi, 60, chega ao quinto mandato seguido, após receber 276 mil votos. Ele foi professor de escola pública e atua em questões de educação. Está na Alesp desde 2007 e teve várias votações expressivas. Em 2018, havia registrado 218 mil votos.

Se os dois mais votados são veteranos da esquerda, a terceira posição foi para um modelo novo: a Bancada Feminista. O grupo é formado por cinco mulheres negras: Paula Nunes, Simone Nascimento, Carolina Iara, Mariana Souza e Sirlene Maciel. Elas somaram 259 mil votos e dividirão um mandato na Alesp depois de conquistar uma vaga na Câmara Municipal de São Paulo, em 2020, de modo similar.

Depois dos nomes de esquerda, a lista dos mais votados traz vários nomes de direita, como Bruno Zambelli (PL), com 235 mil votos, Major Mecca (PL), com 224 mil, e Tomé Abduch (Republicanos), com 221 mil.

Bruno é irmão de Carla Zambelli, deputada federal que foi reeleita neste domingo. Apoiador de Jair Bolsonaro, Zambelli repetiu o lema utilizado pelo presidente e declarou que seu trabalho será guiado por "por Deus, pela pátria, pela família e pela liberdade"

Abduch é coordenador do Movimento Nas Ruas, iniciativa de direita que ajudou a organizar vários atos em São Paulo, incluindo motociatas em apoio a Bolsonaro.

Esta é a segunda eleição estadual seguida em que apoiadores do presidente conseguem boa votação para a Alesp. Em 2018, o PSL, então legenda de Bolsonaro, foi o mais votado e levou 15 assentos.

Naquele ano, Janaína Paschoal, que integrava o PSL, recebeu 2,03 milhões de votos, um recorde. Janaína optou por disputar o Senado, mas não se elegeu.

O segundo mais votado de 2018, Arthur do Val (União Brasil), teve o mandato cassado após dizer, em um áudio, que as mulheres ucranianas "são fáceis porque são pobres". Ele não poderá disputar cargos públicos até 2030.

Nos últimos anos, o PSL teve um racha interno. A legenda se fundiu com o DEM, formando o União Brasil, e isso fez com que seus integrantes tomassem rumos diversos. Apoiadores de Bolsonaro migraram para o PL. Outra ala do partido migrou para o União Brasil, que elegeria oito deputados neste domingo, de acordo com a projeção do TSE.

Apesar da onda bolsonarista de 2018, o PSDB manteve a presidência da Casa sob controle, primeiro com Cauê Macris e, desde 2021, com Carlão Pignatari.

Alexandre Frota, que havia sido eleito deputado federal em 2018 em meio à onda bolsonarista, mas que depois deixou de apoiar o presidente, não conseguiu se eleger representante estadual. Ele teve cerca de 24 mil votos.

"Eu já esperava o resultado adverso da minha campanha. O PSDB se esfacelou nessa eleição, e não foi por falta de aviso. O Rodrigo [Garcia] não conseguiu dar continuidade ao trabalho, mesmo com a máquina na mão. O PSDB sai praticamente liquidado, e essa quebra do partido respinga em todos nós", disse Frota à Folha de S.Paulo.

Protagonista de um caso de assédio que marcou a última legislatura da Alesp, o deputado Fernando Cury (União Brasil) teve 35 mil votos. Ele foi suspenso por seis meses após ser acusado de apalpar os seios da parlamentar Isa Penna (PCdoB), em dezembro de 2020. Penna disputou o cargo de deputada federal, e recebeu 31 mil votos.