Lula descansa na Bahia em casa ligada a deputado do PP

Por JOÃO PEDRO PITOMBO

SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou na noite desta terça-feira (1º) em Porto Seguro, sul da Bahia, onde descansa após a vitória nas urnas sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), no último domingo (30).

O petista está hospedado em uma casa do empresário Paulo Carletto, irmão do deputado federal Ronaldo Carletto (PP-BA), cujo partido fez parte da coligação de apoio a Bolsonaro. Paulo Carletto é dono da Expresso Brasileiro Transportes, uma das principais empresas de ônibus intermunicipais da Bahia.

O imóvel fica na praia Ponta do Camarão, trecho isolado do litoral sul de Porto Seguro entre a praia do Satu e a vila de Caraíva, a cerca de 60 quilômetros da zona urbana da cidade.

Carletto foi aliado do PT nos últimos 12 anos, mas rompeu com o partido no início deste ano para apoiar a candidatura ao Governo da Bahia de ACM Neto (União Brasil), que acabou derrotado nas urnas.

Ele disputou a eleição como primeiro suplente na chapa ao Senado liderada pelo deputado federal Cacá Leão (PP), que acabou derrotado por Otto Alencar (PSD). No segundo turno, reaproximou-se do PT e deu apoio informal à candidatura do governador eleito Jerônimo Rodrigues (PT).

Ronaldo Carletto deixa o Congresso Nacional em fevereiro após dois mandatos em Brasília, mas ajudou a eleger o sobrinho Neto Carletto (PP) como seu sucessor na Câmara dos Deputados.

Lula foi recebido na terça pelo senador Jaques Wagner (PT), pelo governador Rui Costa (PT) e por Jerônimo Rodrigues. Cotados para compor a equipe ministerial do novo governo, Costa e Wagner permaneceram com Lula durante o feriado desta quarta (2).

O presidente eleito foi para Porto Seguro em um jatinho particular com a esposa Rosângela Silva, a Janja, e pousou em um aeroporto privado no distrito de Trancoso. De lá, seguiram de carro até a Ponta do Camarão.

Lula descansa na Bahia enquanto aliados iniciam em Brasília a montagem da equipe de transição que será liderada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB).

No campo político, aliados do presidente eleito já negociam com deputados e senadores para formação da base aliada de Lula e miram o apoio de parlamentares do centrão.

Isso porque os deputados eleitos pela coligação de Lula somam 122 das 513 cadeiras na Câmara, número que não chega nem perto da metade, mínimo para aprovação de um simples projeto em sessões com presença completa.

Membros do PT e articuladores do Congresso passaram a admitir a continuidade das emendas de relator no Orçamento, mas com mudanças nas regras.

Essas emendas têm sido usadas pelo governo Bolsonaro como moeda de troca em negociações do Palácio do Planalto com o Congresso.

Apesar de, durante a campanha eleitoral, Lula ter defendido o fim desse mecanismo, aliados dele já falam na possibilidade de, com ajustes, essas emendas não serem extintas.

Na Bahia, há uma expectativa de reaproximação entre o PT e um parcela do PP, que deve compor a base do governador eleito Jerônimo Rodrigues na Assembleia Legislativa e também deve apoiar o governo Lula na Câmara dos Deputados.