PF marca novo depoimento de Torres após ex-ministro de Bolsonaro ficar calado no primeiro

Por CONSTANÇA REZENDE

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, durante entrevista coletiva sobre a Operação Eleições 2022 no segundo turno.

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A PF (Polícia Federal) marcou uma nova data para o depoimento do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Anderson Torres. Ele será na próxima segunda-feira (23), às 10h30.

A polícia encaminhou o pedido de oitiva ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), nesta quarta-feira (18), requisitando a sua autorização.

O documento, assinado pelo delegado Raphael Soares Astini, diz que a nova oitiva foi solicitada pela defesa de Torres. Na primeira data marcada pela PF, no dia 18, o ex-ministro ficou calado.

Na ocasião, o advogado de Torres, Rodrigo Roca, havia afirmado à Folha de S.Paulo que seu cliente não falaria antes de ter acesso aos autos do inquérito. Nesta quinta-feira (19), ele disse que "ainda não teve acesso a nada".

O ex-ministro, que também atuou como secretário de Segurança do Distrito Federal, está preso desde sábado (14) numa unidade da Polícia Militar do DF. Sua prisão foi determinada no dia 10 por Moraes, após o episódio de ataques golpistas contra as sedes dos três Poderes, ocorridos no dia 8.

O ministro disse que as condutas de Torres e do ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal Fabio Augusto Vieira, também preso, são gravíssimas e colocaram em risco as vidas do presidente Lula, deputados federais, senadores e ministros da Suprema Corte.

Ele afirmou que os fatos narrados na investigação da Polícia Federal, autora do pedido de prisão, "demonstram uma possível organização criminosa que tem por um de seus fins desestabilizar as instituições republicanas".

Também disse que a PF, em detalhado documento, apontou diversas omissões, em tese dolosas, praticadas pelos responsáveis pela segurança pública no Distrito Federal "e que contribuíram para a prática dos atos terroristas de 8 de janeiro".

Torres havia reassumido o comando da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal no dia 2 de janeiro e viajou de férias para os EUA cinco dias depois. Ele não estava no Brasil quando bolsonaristas atacaram e depredaram os prédios do STF, Congresso e Palácio do Planalto.

O então secretário foi exonerado do cargo por Ibaneis Rocha (MDB) no domingo dos ataques, horas antes de o emedebista ser afastado do Governo do Distrito Federal por ordem do STF.

Ele é o primeiro a ocupar o cargo de ministro da Justiça a ser preso desde a redemocratização e o primeiro integrante do governo Bolsonaro preso em consequência dos atos antidemocráticos.