Governo Lula cede e aceita 'bolsonarista' no Sebrae para tentar encerrar crise

Por GUILHERME SETO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Na tentativa de substituir o atual presidente do Sebrae, Carlos Melles, por Décio Lima (PT), o governo Lula (PT) aceitou o pedido de conselheiros da instituição para que Bruno Quick continue como diretor técnico.

Encarregado de tocar as tratativas pelo governo, Paulo Okamotto, ex-presidente do Sebrae, vinha definindo Melles e Quick como "dois bolsonaristas" que precisavam deixar a entidade e abrir espaço para nomes mais alinhados politicamente com a administração federal.

"É um absurdo que dirigentes de uma instituição que tem que ensinar boas práticas para os empresários tenham uma política antigovernança, contra um ambiente saudável de negócios. Os dois diretores [Melles e Quick] têm que se tocar que precisam pegar o boné e se mandar", disse Okamotto à coluna no começo do mês.

Okamotto afirma agora que tem conversado com conselheiros e que precisa haver uma repactuação com Quick em relação ao que deve priorizar em sua função como diretor técnico, mas que considera uma saída muito viável a sua continuidade, caso Melles deixe a presidência.

Conselheiros dizem, em caráter reservado, que Okamotto disse explicitamente a eles que aceita a permanência de Quick com essas condições.

O impasse no Sebrae acontece porque o governo Lula pressiona pela troca da diretoria, mas até o momento não tem o número de votos necessário (11 de 15) no conselho para forçar a destituição. Uma reunião para tentar a derrubada foi agendada para 8 de março, mas cancelada diante dessa constatação.

O próprio presidente passou a se envolver na articulação da troca, segundo apurou o Painel. Ele recebeu conselheiros no Palácio do Planalto e disse que seu mandato é muito curto para que o Sebrae fique parado por tanto tempo. Também telefonou para alguns dos envolvidos no processo.

Okamotto diz que a saída mais civilizada seria a renúncia de Melles, mas que, caso não ocorra, alguma solução será encontrada até o final de março, possivelmente com uma nova tentativa de destituição. Aliados do atual presidente mantêm a esperança de que ele siga no posto.