Bolsonaro diz que não há motivos para TSE torná-lo inelegível
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (30) que não há motivos para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) torná-lo inelegível ao julgar a série de ações que tramitam contra ele.
Bolsonaro retornou ao Brasil após 89 dias nos Estados Unidos. Ele partiu pouco antes do término do seu mandato presidencial, rompendo assim a tradição de passar a faixa para seu sucessor, que simboliza a transmissão de poder.
Em seu retorno, o ex-presidente vai precisar enfrentar uma série de investigações e ações na Justiça que podem torná-lo inelegível ou até acusado em processos criminais.
O ex-presidente chegou na manhã desta quinta no aeroporto internacional de Brasília e depois seguiu direto para a sede do PL, onde encontrou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e correligionários.
O presidente cumprimentou apoiadores, mas não quis conversar com jornalistas que estavam em frente ao complexo de torres no centro de Brasília. No entanto, concedeu entrevista para a Jovem Pan e foi questionado sobre as ações no TSE.
"A questão do Tribunal Superior Eleitoral os advogados do partido estão tratando. Não vejo materialidade em nada. A ação mais forte contra mim é uma reunião que fiz com embaixadores em meados do ano passado. Não vejo motivo para me julgar inelegível por causa disso", afirmou o ex-mandatário.
No TSE, das 16 ações que tramitam contra Bolsonaro, duas têm como alvo principal os ataques ao processo eleitoral e às urnas.
A principal delas foi apresentada pelo PDT e tem como foco a reunião com embaixadores protagonizada pelo então presidente em julho de 2022, na qual ele repetiu teorias da conspiração sobre urnas eletrônicas e promoveu ameaças golpistas.
O ex-presidente também voltou a defender os militantes que participaram dos atos golpistas de 8 de janeiro, que resultaram na invasão e depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. E pediu a instalação de uma comissão parlamentar mista de inquérito para investigar o episódio.
"Somos um movimento espontâneo por parte da população que resolveu ir para porta do quartel por questão se segurança. O episódio do dia 8 vai ser esclarecido via CPMI [Comissão Parlamentar Mista de Inquérito], que num primeiro momento Lula e seus políticos queriam. Conseguiram assinatura. Bem, poucos dias depois viram que não foi bem assim aquela história [e por isso desistiram]. A CPMI vai trazer a verdade e mostrar o que aconteceu", afirmou o presidente.
"O nosso pessoal não fez nada, no meu entender, que fugiu da lei. Tinham pessoas que participavam daqueles eventos. Agora, por que o PT, o governo, não quer CPMI? O que tem a temer? Tem documentos, ou não tem? Documentos da Abin ou da PF? A PRF acompanhou no começo de janeiro as movimentações pelo Brasil ou não?", completou.
O presidente foi questionado sobre o uso por parte da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) de um sistema secreto de monitoramento da localização de cidadãos em todo o território nacional. O caso foi revelado pelo jornal O Globo.
Bolsonaro reconheceu que seu governo operou o sistema, mas buscou atribuir a responsabilidade para o governo Michel Temer, que adquiriu o sistema.
"Há poucos dias me acusaram de eu ter manipulado, bisbilhotado 10 mil pessoas pela máquina da Abin. Essa máquina da Abin foi comprada no governo Temer. Ela tem capacidade de monitorar os sinais telefônicos. Isso talvez tenha sido usado pela Abin, talvez isso tenha sedimentado o estudo para os órgãos de segurança", afirmou o presidente.