Ucranianos no Brasil pedem que governo não os traia e diz que Lavrov representa regime agressor
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A principal organização da comunidade ucraniana no Brasil declarou em nota que o chanceler russo, Serguei Lavrov, que inicia visita nesta segunda (17), "representa um país agressor de outro país soberano", em violação à Carta da ONU.
"O ministro Lavrov representa o seu presidente, Vladimir Putin, que tem um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional por sequestrar crianças ucranianas do território da Ucrânia e levá-las para a Rússia", diz a Representação Central Ucraniano Brasileira, em texto assinado por seu presidente, Vitório Sorotiuk.
Lavrov terá reuniões no Itamaraty e possivelmente encontrará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vem buscando construir um grupo de mediadores para encerrar o conflito. O petista tem irritado os EUA e os europeus, no entanto, por declarações que foram vistas como favoráveis ao lado russo.
A nota pede que o governo brasileiro "não traia as esperanças" dos cerca de 600 mil brasileiros de origem ucraniana. "O corpo, a alma e o sangue da Ucrânia integram o Brasil e espera-se do governo brasileiro a sua correspondência", afirma.
Também cobra que o país pressione a Rússia a retirar suas tropas da Ucrânia. "O Brasil deve exigir que a Rússia retire suas tropas da Ucrânia, pois as relações internacionais devem se dar na boa-fé", afirma.
A nota manda ainda um recado velado a Lula, que em entrevista na semana passada afirmou que a Ucrânia poderá ter de ceder parte de seus territórios em uma negociação de paz.
"É positivo que o Brasil busque e interceda pela paz, mas o único que tem autoridade para falar sobre as condições da paz e sobre a integridade do seu território é o povo ucraniano e seu governo", afirma.