Valdemar nega golpe em 8/1 e culpa PT: 'Foi uma condução errada do governo'
SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) - O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou nesta terça-feira (16) que os ataques golpistas 8 de janeiro não foram uma tentativa de golpe de Estado.
"Golpe a gente dá com metralhadora, tanque de guerra, nunca foi um golpe", disse em entrevista à GloboNews.
"Doido tem em todo lugar", afirmou. Valdemar ponderou, porém, que todos os envolvidos "deveriam ser presos pelo ataque contra o país".
"Foi uma condução errada do governo, que já era do PT", disse.
Segundo ele, os ânimos se acirraram quando, na véspera, o ministro Flávio Dino publicou uma portaria que permitia o uso da Força Nacional na Esplanada.
Em um dado momento, o presidente do PL chegou a chamar o 8/1 de "golpe". Ao ser questionado, ele disse que utilizou esse termo porque era o usado pelos jornalistas no programa.
Na entrevista, Valdemar minimizou as acusações contra o ex-presidente e afirmou que tornar Jair Bolsonaro (PL) inelegível é "impossível" e "um crime".
"Acho impossível Bolsonaro ficar inelegível por ter falado algo no passado, é impossível", disse. "É um crime, não vão ter coragem de fazer isso [julgá-lo inelegível] e, se fizerem, vão dar prestígio [ao ex-presidente]", avaliou.
Uma ação acusa Bolsonaro por abuso de poder durante reunião com embaixadores no Palácio do Planalto, onde mentiu sobre a segurança das urnas eletrônicas. O processo no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) está sob sigilo.
Valdemar afirmou ainda que Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, não quer mandato de presidente, senadora ou prefeita. Disse que ela "deixou claro para nós que não quer ter mandato, quer trabalhar no PL Mulher para trazer mais mulheres para a política".
O presidente do PL disse desejar que ela queira um mandato, "porque ela bomba na internet, jornais, ela tem personalidade. Não sei onde aprendeu, foi sozinha".
"Ela melhorou muito sozinha [em pronunciamentos] e ela quer saber do PL Mulher para colocar mulher na política, precisamos disso, não de cota", ressaltou.
Nesta terça, dia que Bolsonaro depõe sobre possível fraude em seu cartão de vacina, Valdemar afirmou que se uma eventual ilegalidade ocorreu, foi sem a ciência do ex-presidente.
"Todo mundo sabia que o Bolsonaro não foi vacinado. Se [Mauro] Cid fez alguma coisa, foi sem o conhecimento de Bolsonaro."
O tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, foi preso no começo do mês na operação que mira fraude em cartões de vacinação contra a Covid-19. Assessores do ex-presidente também foram detidos.
Valdemar destacou que o então presidente "não precisava ter vacina" para viajar aos Estados Unidos no fim do mandato e que ele realizou a viagem com o avião oficial.
O presidente do PL lembrou de cenas como a de Bolsonaro comendo pizza na rua por não poder entrar em restaurantes pela falta de vacina.
Pela terceira vez em 40 dias, Bolsonaro voltou à sede da Polícia Federal, em Brasília, para depor. Ele chegou às 13h30 e entrou pela garagem.
A PF vai confrontar o ex-presidente com os indícios de que tinha ciência do suposto esquema, uma vez que dados falsos foram incluídos em seu registro de vacinação e também no de sua filha mais nova. No começo do mês, ele foi questionado pela PF sobre os atos golpistas e, em abril, sobre as joias sauditas.
O ex-presidente não usará do direito ao silêncio, segundo o UOL apurou. Bolsonaro se preparou nos últimos dias com sua defesa para o depoimento.