Mulher de ex-ajudante de ordens de Bolsonaro admite uso de certificado falso de vacinação

Por MARIANNA HOLANDA E MATHEUS TEIXEIRA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A mulher do tenente-coronel Mauro Cid, Gabriela Santiago Cid, admitiu em depoimento à Polícia Federal que usou certificado falso de vacinação contra a Covid-19.

Segundo a reportagem apurou, ela culpou o marido, o ex-ajudante de ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pela inclusão de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde.

Gabriela é investigada no inquérito que apura se foram inseridas no sistema da pasta informações fraudulentas sobre a imunização de Bolsonaro, de Cid e de quatro familiares dele.

Na quinta-feira (18), Mauro Cid optou por ficar em silêncio em oitiva na PF. A ida à sede da corporação foi a primeira vez em que ele deixou a cadeia desde 3 de maio, quando foi detido por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Além do ex-mandatário, a PF também apura a inclusão de informações fraudulentas no sistema do ministério em relação ao casal Cid e suas três filhas.

A defesa de Bolsonaro afirma nos bastidores que a opção pelo silêncio, da parte de Mauro Cid, se deu porque seus advogados não tiveram acesso à íntegra do conteúdo que foi extraído do celular do militar.

No dia em que Cid foi preso, a PF executou uma operação de busca e apreensão na casa de Bolsonaro e prendeu outros assessores do ex-presidente.

A investigação aponta que foi inserido no sistema como se Bolsonaro tivesse tomado duas vacinas contra a Covid-19, a primeira delas em 13 de agosto e a segunda em 14 de outubro de 2022.

A inserção desse registro retroativo de vacinação na rede do Ministério da Saúde, porém, só ocorreu em 21 de dezembro, pouco antes de o então presidente viajar para os Estados Unidos. No dia seguinte, em 22 de dezembro, o certificado de vacinação de Bolsonaro foi emitido de dentro do Palácio do Planalto.

Dias depois, em 27 de dezembro, novamente houve uma emissão de certificado e, em seguida, o usuário em nome da chefe de vacinação de Duque de Caxias apagou o registro do sistema com a justificativa de "erro".

Em representação a Moraes, a PF aponta Mauro Cid como principal articulador do esquema.

Segundo a PF, Bolsonaro tinha ciência da inserção fraudulenta dos dados no sistema. "Jair Bolsonaro, Mauro Cid e, possivelmente, Marcelo Câmara tinham plena ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, se quedando inertes em relação a tais fatos até o presente momento", diz a PF.