Suplente de Deltan toma posse após conversa com estátua de Ulysses Guimarães
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR) tomou posse e assumiu na tarde desta terça-feira (13) a vaga de Deltan Dallagnol (Podemos-PR) na Câmara dos Deputados. Momentos antes, o parlamentar de 72 anos e sete mandatos anteriores entabulou uma conversa com a estátua de Ulysses Guimarães (1916-1992).
Hauly, que teve 11.925 votos, assume o posto após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) cassar o mandato do ex-coordenador da Lava Jato, que teve 345 mil votos.
"Tô de volta. Peço permissão para voltar ao nosso trabalho, meu ídolo, meu querido amigo. Tive a honra de conviver contigo, tô aqui de volta. Conto com a sua iluminação", disse Hauly à estátua de Ulysses, que fica no Salão Verde da Casa, em frente à entrada do plenário.
Hauly foi eleito pela primeira vez deputado federal em 1990, mesmo ano em que Ulysses (MDB) foi eleito para aquele que seria o seu último mandato.
Na legislatura anterior, o emedebista, uma das principais figuras da redemocratização do país, liderou na Presidência da Câmara o processo que elaborou a Constituição de 1988.
Ulysses morreu em um acidente aéreo, em 1992. Em 2019, uma estátua em sua homenagem foi instalada no Salão Verde da Câmara.
Hauly afirmou nesta terça que manterá na Câmara o perfil de seus mandatos anteriores.
"Eu defendo as ideias republicanas, e desenvolvimentistas, como sempre fiz, desde quando criei a Lei de Exportações, o Simples, o Supersimples, o MEI [Microempreendedor Individual], desde quando fiz a primeira lei de transparência de contas públicas do Brasil, então, meu mandato é dedicado aos meus eleitores resilientes, que ficaram comigo até essa altura da luta", afirmou Hauly.
Apesar disso, afirmou que "os 430 mil eleitores do Podemos podem ficar tranquilos" que há pontos convergentes entre ele e Deltan, como "a ordem, a legalidade e a constitucionalidade".
O TSE cassou o mandato de Deltan por unanimidade, atendendo a uma ação da Federação Brasil da Esperança (PT, PC do B e PV) e do PMN, que alegou que Deltan não poderia ter deixado a carreira de procurador da República para entrar na política porque respondia a sindicâncias, reclamações disciplinares e pedidos de providencias junto ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público).
Posteriormente, o ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal) atendeu a um pedido do Podemos e reverteu decisão do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Paraná, que havia destinado a vaga de Deltan para Itamar Paim, pastor de Paranaguá filiado ao PL, sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro.