CPI do 8/1 convoca GDias, ex-Abin de Lula e coronel que teria sugerido golpe

Por THAÍSA OLIVEIRA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A CPI do 8 de janeiro aprovou nesta terça-feira (20) as convocações para depoimento do ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Gonçalves Dias, do ex-chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Saulo Moura da Cunha e do coronel do Exército Jean Lawand Junior.

Lawand entrou na mira da CPI depois que a Polícia Federal identificou uma série de mensagens em que o militar sugeria ao ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) Mauro Cid que auxiliasse o então presidente a "dar uma ordem" para ação das Forças Armadas contra a eleição de Lula (PT).

"Eu, junto com a relatora, combinamos com a aprovação em entendimento, por acordo, do requerimento de convocação do GDias e do Saulo Moura. E, também por acordo, para colocar um item extra-pauta, para convocação do Jean Lawand Júnior", disse o presidente da CPI mista, Arthur Maia (União-BA).

Na semana passada, a Folha revelou que o então ministro do GSI ordenou que a Abin omitisse do Congresso informações de inteligência enviadas antes da invasão dos três Poderes. Na época, a agência estava sob o comando de Cunha, diretor-adjunto da Abin.

A CPI também aprovou o compartilhamento de informações do STF (Supremo Tribunal Federal) relacionadas ao atentado de 8 de janeiro.

A CPI aprovou ainda a convocação do perito da Polícia Civil do Distrito Federal Renato Martins Carrijo. Ele é responsável pelo laudo sobre a bomba que foi colocada em um caminhão com combustível próximo ao Aeroporto de Brasília dias antes da posse de Lula, em dezembro.

O perito vai prestar depoimento como testemunha a pedido da relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Na próxima quinta (22), a CPI ouve o bolsonarista George Washington de Oliveira Sousa, preso por planejar o ataque e armar o explosivo. Ele foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão.

A CPI mista que investiga os ataques golpistas é formada por deputados e senadores e interessa tanto à oposição, de quem partiu a ideia de criá-la, como à base do governo Lula, antes resistente e depois favorável.

O foco de investigação da CPI serão os bolsonaristas, responsáveis pelos ataques golpistas aos prédios principais dos três Poderes. Entram nisso os vândalos em si, os organizadores dos atos, os financiadores dos acampamentos e caravanas e os autores intelectuais, como Bolsonaro.

A criação da comissão tornou-se inevitável em abril diante da crise do GSI, que provocou a saída de GDias, primeira queda de ministro na atual gestão petista após três meses e 19 dias do começo do mandato.

A crise que levou à saída do chefe do GSI teve como estopim a divulgação, pela CNN Brasil, de imagens do circuito interno da segurança durante a invasão da sede da Presidência que mostram uma ação colaborativa de agentes com golpistas e a presença de GDias, como é conhecido o ex-ministro, no local.