CPI do 8/1 convoca repórter fotográfico e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A CPI do 8 de janeiro aprovou nesta quinta-feira (3) a convocação do repórter fotográfico da Reuters Adriano Machado, que registrou a trabalho o ataque golpista. A convocação, feita a pedido da oposição, recebeu o apoio do presidente do colegiado, deputado federal Arthur Maia (União Brasil-BA).
A convocação de Machado, do hacker da "Vaza Jato" Walter Delgatti Neto e de outras três pessoas foi definida em reunião fechada entre alguns parlamentares antes da sessão.
Durante a sessão, a base do governo Lula (PT) sugeriu que o requerimento de convocação de Machado fosse votado separadamente, mas Maia argumentou que o acordo incluía a convocação dos cinco nomes e ameaçou adiar a votação.
Questionado antes da sessão sobre a convocação do profissional, o presidente da CPI disse que Machado está sendo tratado como testemunha porque ele "testemunhou um crime, que foi a depredação do Palácio do Planalto".
"Eu assumo isso com toda tranquilidade. Eu tenho a noção de que todos nós parlamentares, vocês jornalistas, têm que ter seu direito preservado. Não estou dizendo que ele cometeu delito, mas obviamente ele é testemunha", afirmou Maia.
A comissão também aprovou a convocação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Luís Marcos dos Reis, preso na operação sobre suposta fraude no cartão de vacinação com o também ajudante de ordens Mauro Cid.
Em um diálogo apreendido pela PF no celular de Reis, Cid manifesta apoio a manifestantes acampados em frente a um batalhão em Goiânia --que o próprio Cid quase assumiu neste ano.
Reis também interage com outros interlocutores, aos quais manda diversas imagens do ataque golpista em Brasília, deixando claro que ele participou do 8 de janeiro.
A CPI também convocou a coronel da Polícia Militar do Distrito Federal Cíntia Queiroz. Como mostrou a Folha de S.Paulo, a PF afirmou à CPI que, um dia antes do ataque, o Governo do Distrito Federal relatou que haveria uma "simples manifestação" de "cunho pacífico".
Segundo a PF, a informação foi dada pelo número dois da Secretaria de Segurança Pública, Fernando de Souza Oliveira, e por Cíntia durante reunião no dia 7 de janeiro.
A CPI também vai ouvir a cabo da PM Marcela da Silva Morais Pinto, que atuou na linha de frente dos atos e foi agredida pelos golpistas. O depoimento dela, na condição de testemunha, foi feito a pedido do governo.