Bolsonaro diz que vai realizar três cirurgias em setembro
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse à Folha de S.Paulo que vai realizar três cirurgias em setembro. Ele foi internado na manhã desta quarta-feira (23) no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, para realizar exames preparatórios para os procedimentos.
Bolsonaro já realizou quatro cirurgias em decorrência da facada que levou durante a eleição presidencial em 2018. Segundo o ex-mandatário, as próximas serão para tratar problemas de "septo, refluxo e abdômen".
Nas redes sociais, o assessor e ex-Secom (Secretário de Comunicação da Presidência) Fábio Wajngarten disse que são exames para avaliar "condição clínica".
"O Pr @jairbolsonaro internou-se no Hospital Vila Nova Star em São Paulo para exames de rotina. Referidos exames tem por objetivo avaliar sua condição clínica, principalmente no sistema digestivo, tráfego intestinal, aderências, hérnia abdominal e refluxo. Todos os sintomas e exames desse momento, por óbvio, decorrem do atentado contra sua vida de 6/9/18, ainda sem resolução", afirmou.
No início do ano, o médico de Bolsonaro, Antônio Luiz Macedo, disse que ele precisaria de uma nova cirurgia quando voltasse ao Brasil.
Desde então, há meses, aliados esperam que realize os procedimentos. Segundo interlocutores, ele vinha adiando esperando um melhor momento.
Quando Macedo deu a declaração, Bolsonaro estava nos Estados Unidos, para onde viajou antes do término do mandato para não participar do rito tradicional de passagem de faixa presidencial. Em janeiro, ele chegou ficar internado em Orlando por dois dias, devido a uma nova obstrução intestinal.
As novas cirurgias do ex-chefe do Executivo ocorrem em meio a um fechamento de cerco do Judiciário contra ele. No próximo dia 31, antes dos procedimentos, Bolsonaro vai depor na investigação contra empresários bolsonaristas que participaram de um grupo do WhatsApp com mensagens nas quais houve defesa de um golpe caso Lula (PT) ganhasse o pleito.
Bolsonaro também conversou rapidamente com a Folha de S.Paulo durante um voo de Brasília a São Paulo, que decolou da capital às 6h24 e durou 1h30min. Ele, que estava acompanhado de um segurança, apenas respondeu a uma pergunta e não permitiu ser gravado.
O ex-mandatário confirmou o teor da mensagem enviada ao empresário Meyer Nigri que levou a PF a intimá-lo a depor.
"Eu mandei para o Meyer, qual o problema? O [ministro do Supremo Tribunal Federal e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral Luís Roberto] Barroso tinha falado no exterior [sobre a derrota da proposta do voto impresso na Câmara, em 2021], eu sempre fui um defensor do voto impresso", disse.
Bolsonaro afirmou que não participava do grupo dos empresários para o qual, segundo a PF, Nigri repassou as mensagens em que criticava ministros do Supremo e do TSE, acusando-os de interferência no processo eleitoral por terem se manifestado de forma contrária à reintrodução do voto impresso.
A polícia vai ouvi-lo especificamente pela difusão do conteúdo associado a fake news, objeto de investigação no Supremo Tribunal Federal, para o qual pediu a Nigri "repasse ao máximo". "Eu vou lá explicar", disse, sobre o depoimento marcado para o dia 31.
O termo se encontra na transcrição de uma das mensagens encontradas no celular do empresário, dono da construtora Tecnisa e um dos primeiros apoiadores de Bolsonaro.
"O ministro Barroso faz peregrinação no exterior sobre o atual processo eleitoral brasileiro, como sendo algo seguro e confiável. O pior, mente sobre o que se tentou aprovar em 2021: o voto impresso ao lado da urna eletrônica, quando ele se reuniu com lideranças partidárias e o Voto Impresso foi derrotado. Isso chama-se INTERFERENCIA", diz o texto.