Codevasf suspende contratos com empresa alvo de operação que mira Juscelino Filho
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), Marcelo Andrade Moreira Pinto, determinou a suspensão de todos os contratos mantidos com a Construservice, alvo de investigação da Polícia Federal que mira o ministro das Comunicações do governo Lula (PT), Juscelino Filho (União Brasil-MA).
A Polícia Federal cumpriu na manhã desta sexta-feira (1º) mandados de busca e apreensão. Um dos alvos da busca foi Luanna Resende, irmã de Juscelino e prefeita de Vitorino Freire (MA). Segundo a apuração, os recursos indicados por Juscelino foram usados em contratos com a Construservice para obras no município. A empresa teria sido contratada em editais fraudados.
Segundo documento assinado pelo presidente da Codevasf, a suspensão ocorreu tendo em vista as informações divulgadas pela Polícia Federal sobre a Operação Benesse. A decisão permitirá que a Codevasf analise o conjunto de informações disponíveis sobre o tema e avalie as medidas institucionais aplicáveis ao caso, com vistas à garantia da integridade de suas ações.
A Construservice venceu pregões da Codevasf que totalizam R$ 527 milhões. Desse valor, a Codevasf empenhou R$ 139,4 milhões em contratos com a empresa. Do total empenhado, houve liquidação de apenas R$ 30,2 milhões, correspondentes a serviços efetivamente prestados.
A companhia também decidiu encaminhar para auditoria especial todos os convênios mantidos com os municípios de Vitorino Freire, Bacabal e São Luís, independentemente de quais sejam as empresas responsáveis pela execução das obras e serviços vinculados aos convênios.
Em nota, a Codevasf informou que colabora com o trabalho das autoridades desde a primeira fase da operação Odoacro, em julho de 2022. No âmbito de apurações internas relacionadas às operações, a Codevasf demitiu um funcionário no mês de agosto após a conclusão de processo conduzido por sua corregedoria.
As investigações da PF sobre a atuação da Construservice em contratos da Codevasf tiveram origem em reportagens da Folha publicadas em maio de 2022.
O jornal revelou que a empreiteira havia obtido a vice-liderança em licitações da estatal apesar dos indícios de crimes contra o seu suposto dono de fato, o empresário Eduardo José Costa Barros --também conhecido como Eduardo Imperador ou Eduardo DP. Ele chegou a ser preso nas primeiras fases da investigação, mas foi solto posteriormente.
A Codevasf, entregue pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a partidos do centrão em troca de apoio político e mantida dessa forma agora pelo governo Lula, cresceu em contratos no governo anterior e expandiu seu foco e sua área de atuação.
Ao mesmo tempo, a estatal se transformou num dos principais instrumentos para escoar a verba recorde das emendas, distribuídas a deputados e senadores com base em critérios políticos e que dão sustentação ao governo no Congresso --tanto sob Bolsonaro quanto sob Lula.