Suporte terapêutico: como a cachorra Jade mudou o tratamento crianças assistidas pela Apae em Barbacena

A cinoterapia é uma atividade que utiliza cachorros como facilitador no processo terapêutico, com incentivos para vencer obstáculos, limitações físicas e psicológicas, melhorando significativamente a qualidade de vida e reintegração na sociedade.

Por Nathália Alves

Cinoterapia Jade

Uma terapia vem mudando a rotina de tratamento de crianças da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) em Barbacena: a cinoterapia. E a estrela do projeto? Uma Golden Retriever dócil e amável conhecida como Jade, treinada pelos policiais militares da cidade.

A cinoterapia é uma atividade que utiliza cachorros como facilitador no processo terapêutico, com incentivos para vencer obstáculos, limitações físicas e psicológicas, melhorando significativamente a qualidade de vida e reintegração na sociedade.

O projeto em Barbacena em parceria com a Apae é realizado desde 2017 e atende a mais de 300 crianças. Segundo o sargento Vilsimar, a polícia conheceu o projeto na cidade de Sete Lagoas, onde o Grupamento de Cães da PM executava a terapia desde 2007.

Foram feitos estudos e uma visita técnica à cidade, e a atividade foi implementada na cidade. Em 2023, o convênio entre a Apae e a PM foi renovado por mais cinco anos.

Hoje, o projeto tem uma equipe multidisciplinar de 14 profissionais da Apae que inclui fisioterapeuta, fonoaudióloga, psicóloga, terapeuta ocupacional, pedagoga e sete militares do 9º Batalhão.

O trabalho de cinoterapia com cães é realizado em cidades como Sete Lagoas, Diamantina e Curvelo.

Treinamento

A Jade foi doada à Polícia Militar pelo Canil Master Golden e passou por um treinamento e inspeção de saúde para ingressas no trabalho militar.

“Ela recebeu o treinamento básico de obediência e diversos comando associados a atividades especificas da cinoterapia, além de ter sido socializada para receber diversos estímulos que um cão não treinado não suportaria. A Jade teve um intenso treinamento e um rigoroso controle sanitário e de saúde, sendo acompanhada pelo médico veterinário da PMMG e da iniciativa privada parceiros do projeto”, explicou o sargento.

Trabalho na Apae

Natália Oliveira é psicomotricista na Apae de Barbacena e explicou a mudança que a Jade causa nas crianças assistidas pela associação.

“A Jade se tornou uma mediadora de intervenções multidisciplinares mediante crianças com quadros comportamentais mais severos, transtorno do processamento sensorial, atraso na linguagem e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Pois, algumas crianças são resistentes as intervenções dos especialistas, mas aceitam a aproximação da Jade, como, por exemplo, aquelas que não permitem ser tocadas, mas buscam o toque físico da Jade, ou aquelas que só aceitam comando se a tarefa for realizada junto com a Jade”, afirmou.

O projeto é desenvolvido em dois dias na semana, com duração média de 55 minutos, tendo cinco minutos reservados para registros e observações sobre o paciente, feitos pela equipe multidisciplinar.

“Os militares do grupamento de cães realizam todo o trabalho com o cão em constante integração e acompanhamento com a equipe técnica da Apae desenvolvendo trabalho específico e condizente com cada paciente e sua patologia como síndrome de down, autismo, paralisia cerebral, dentre outras”, explicou a PM.

Segundo Natália, atualmente, a cinoterapia com a Jade é um tratamento indispensável para o tratamento de mais de 300 crianças, inclusive aquelas com graves limitações motoras.

“Além dos benefícios clínicos, a cinoterapia consegue acessar níveis complexos de afetividade tanto nas crianças, quanto nas mães dos usuários. Há uma relação dinâmica entre os policiais, a Jade e os especialistas da casa que promove o tratamento necessário para todas as crianças que participam da cinoterapia”, finalizou.

Premiação

Em 2019, o projeto de cinoterapia de Barbacena participou do concurso “O Militar que eu quero ser”, promovido pela Associação Feminina de Assistência Social e Cultural (Afas), uma organização não governamental sediada em Belo Horizonte que tem por objetivo fortalecer e multiplicar ações sociais de policiais militares na comunidade.

O projeto concorreu com mais de 65 projetos no estado e ficou em segundo lugar, ganhando um prêmio de R$ 10 mil investidos para a melhoria do atendimento.