Confira os mitos e as verdades sobre a Dengue
O novo surto da doença pode ser explicado pelo aumento das temperaturas.
O novo surto de dengue gera preocupação aos estados e municípios brasileiros. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, nos 37 municípios da Superintendência Regional de Saúde de Juiz de Fora foram registrados 1.913 casos prováveis de dengue, sendo desses, 1179 casos confirmados e um óbito em investigação para a doença, até a primeira semana de fevereiro. Vários mitos e verdades circulam sobre a dengue, o Acessa listou abaixo alguns mitos e verdades. Veja.
Mitos e verdades sobre a Dengue
Você já deve ter escutado diversas dicas de como afastar os pernilongos ou como impedir a proliferação da dengue. Entretanto, não podemos acreditar em tudo o que consumimos ou mesmo confiar em todas as fontes as quais temos acesso. Pensando nisso, a equipe do Acessa.com separou algumas crenças bastante disseminadas por meio das redes sociais. Confira se as recomendações e outras informações são verdadeiras ou falsas.
O mosquito da dengue pica apenas durante o dia. Verdade. O inseto pica apenas durante o dia, mas não faz zumbido.
Basta secar os lugares onde tem água parada. Falso. É preciso limpar também, pois o ovo do mosquito pode se manter por mais de um ano sem água.
Colocar água sanitária na água ajuda a evitar as larvas. Verdade. Colocar uma pequena quantidade de água sanitária na caixa d'água, na piscina, nas poças e retenções de água ajuda a evitar as larvas.
Ar condicionado e ventilador impedem as picadas do mosquito. Relativo. O que existe de verdadeiro nessa história é que, normalmente, o mosquito se direciona em função da liberação de gás carbônico, feita pelas vias aéreas. Então, pelo fato de o ventilador ou o ar condicionado estarem ligados, o gás carbônico fica mais diluído e impediria que o mosquito localizasse a vítima por conta disso. Além disso, o ar condicionado pode ajudar a dificultar a entrada do mosquito, já que o ambiente está fechado. Mas não é certeiro de que a pessoa não será picada.
Aplicar borra de café na água das plantas e sobre a terra ajuda a combater o Aedes. Falso. Não há comprovação científica que verifique essa informação.
O inhame e o complexo B ajudam na prevenção da dengue. Falso. Alegação deve-se ao forte odor da vitamina B. Todavia, as substâncias não funcionam para evitar a aproximação do mosquito, uma vez que o efeito varia de acordo com o metabolismo de cada pessoa, podendo não repelir o aedes.
O mosquito não consegue atingir locais altos. Relativo. Quanto à capacidade de vôo, sabemos que possui possibilidade de acesso a alturas medianas, como às calhas e terraços de casas. Mas suas preferências ainda são as baixas alturas, tendo em vista que, sem fazer muito esforço, consegue alimentar-se e proliferar-se. No entanto, ele pode chegar até alturas mais elevadas considerando que o mosquito tem possibilidades de usar como transporte elevadores e outros recursos que podem conduzi-lo até a cobertura de qualquer edifício.
A dengue hemorrágica só ocorre nas pessoas que têm a dengue pela segunda vez. Falso. Tudo ocorre de acordo com a virulência, quando o vírus tem a capacidade de provocar a doença mais forte. O vírus com essa virulência mais forte, vai depender da própria mutação que eles sofrem no ambiente, aquela que acontece pela seleção natural.
Nenhum medicamento cura a dengue. Verdade. Não existe nenhum antiviral que cure a dengue. Os sintomas da doença são tratados de modo paliativo com analgésico, antitérmico e muita hidratação
Remédios que contenham a fórmula de ácido acetilsalicílico são perigosos. Verdade. É proibido o uso de ácido acetilsalicílico (e todo o medicamento que contenha esse composto em sua fórmula), pois provoca sangramentos, piorando o quadro de dengue hemorrágica. Também é preciso ter um cuidado extra com o paracetamol, pois ele ataca o fígado. Isso pode ser preocupante, pois o flavovírus do Aedes aegypti também provoca essa agressão hepática. O ideal é usar a dipirona, exceto para os pacientes alérgicos a esse medicamento.
Usar repelente ou inseticidas ajuda a conter a dengue. Falso. As duas opções ajudam a afastar os mosquitos temporariamente, no entanto, vale lembrar que esses recursos são paleativos, ou seja, são soluções momentâneas que não resolvem realmente o problema da dengue. Portanto, o ideal é atuarmos como vigilantes e eliminarmos os criadouros onde o mosquito deposita seus ovos e se prolifera.
Epidemia no Brasil
Minas não é o único estado que se prepara para enfrentar o segundo ano epidêmico consecutivo para dengue e chikungunya. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil pode chegar a 4,2 milhões de casos de dengue em 2024.
Esse cenário pode ser explicado por algumas razões, dentre elas o calor extremo enfrentado nos últimos meses. Em entrevista ao Portal Acessa, , o infectologista Rodrigo Daniel de Souza explica que o aumento das temperaturas faz com que a capacidade de multiplicação do Aedes Aegypti se intensifique. “O aquecimento global aumenta as temperaturas tanto no inverno quanto no verão. No inverno permite que mais mosquitos sobrevivam, possibilitando que o verão se inicie com uma quantidade maior de mosquitos”, pontua o especialista.
Ele ainda ressalta que existem três pilares para se prevenir contra a doença. O primeiro e mais importante é reduzir ao máximo o número de mosquitos. Ele explica que, isso se faz com a eliminação dos criadouros da região peridomiciliar, com o tratamento de focos de mosquito ou com o uso de vetores geneticamente modificados pelo ente público.
O segundo é evitar o contato com os pernilongos, por meio do uso de roupas que cubram a maior parte do corpo, utilizar repelentes, evitar locais conhecidamente infestados, utilizar insecticidas e telas nas janelas e portas que comunicam-se com o ambiente externo. E, por último, é importante evitar, em caso de picada, que a doença se desenvolva ou, caso se desenvolva, evitar que os sintomas sejam graves.
O especialista também explica que a dengue em geral é uma doença que se manifesta com febre alta, dor no corpo, dor de cabeça, especialmente atrás dos olhos, pode vir acompanhada de manchas, enjoo e vômitos, dor na barriga e tonteira, algumas vezes sangramentos e nas formas mais graves queda importante da pressão arterial.
Assim, em meio ao receio de contrair a doença, é natural que surjam diferentes estratégias para afastar os mosquitos e gerar a falsa sensação de estar se prevenindo adequadamente, mas nem sempre elas são eficientes. Além disso, também é comum surgirem na web tratamentos “milagrosos” que prometem conter o quadro da doença. Para não cair em nenhuma cilada, confira algumas recomendações.