Como analisar a voz?
Como analisar a voz?
E que se deve entender por conduta vocal?
Evidentemente, a maneira como a pessoa se expressa no ato de falar.Todos percebem claramente que nos expressamos não somente com as palavras, mas também com gestos, expressões faciais e posturas corporais. Muitos percebem o tom da voz que acompanha certas verbalizações emocionais. Mas não se dão conta de que tudo isso é o corpo falando junto. É um fenômeno comportamental.
Então, como identificar as particularidades desse comportamento em uma conduta individual?
A resposta mais do que lógica é a seguinte: procurando identificar o Processo Vocal Básico, comum a todos, subjacente a qualquer conduta vocal individual, pois só assim teremos um sistema viável de comparação para identificar as variações aceitáveis e os desvios inaceitáveis para uma saudável emissão de voz.
Vários procedimentos, caminhos podem ser avaliados para que possamos analisar uma voz e identificá-la. O procedimento que utilizo para este fim foi desenvolvido por Brandi na década de 90, e tem sido atualizado com frequência de acordo com as demandas deste século.
Por meio das Escalas Brandi de Avaliação da Voz Falada, elaborou-se uma avaliação da totalidade do processo, que envolve a conduta de emissão da voz do falante, sua conduta vocal de expressão (que se faz acompanhar de conduta gestual, postural e facial) e a própria qualidade vocal daí resultante. Sonoriza-se no nível do laringe e toma corpo, cor e brilho no nível das cavidades faríngeas e oral, para emitir voz.
Trata-se, portanto, de identificar seu comportamento ao falar. Que peculiaridades de conduta vocal adota? O objetivo é, evidentemente, obter as pistas relacionadas àquela personalidade que assim se expressa falando, indispensáveis para a eficácia da abordagem terapêutica ou reeducativa.
São três ordens de avaliação do comportamento vocal - Emissão, Expressão, Qualidade -.
Há que se ressaltar ainda que todas as emoções, fortes ou suaves, momentâneas ou cristalizadas, alteram de alguma forma, marcante ou sutil, a qualidade da voz.
Além da gravação, filmagem, conversa informal, um questionário também faz parte da avaliação para complemento da análise vocal.
Algumas perguntas como estas podem surgir durante a entrevista de avaliação.
1) Como você se sente com relação à sua profissão?
2) Sente cansaço depois de uma jornada de trabalho?
3) Já se afastou por licença médica devido a problemas vocais?
4) Sente falta de ar com frequência?
5) Sua voz se altera no final de uma jornada de trabalho?
6) O ruído do ambiente lhe incomoda?
7) Alguma vez já sentiu sua voz “sumir” ?
8) A presença de pessoas estranhas modifica significativamente seu comportamento?
9) A presença de autoridades a inibe?
10) Você reage com intranquilidade diante de situações inesperadas?
11) Sente dificuldade para dormir?
12) Considera-se uma pessoa de fácil relacionamento?
13) Já percebeu sua voz “sumir” em alguma situação delicada?
14) Tem depressão?
15) As pessoas em geral sinalizam que você fala “alto demais”?
16) Já vivenciou a perda de alguém importante em sua vida?
17) Sente dor na garganta na ausência de gripe?
18) Tem manifestações alérgicas respiratórias (coceira, espirro, secreção nasal) na ausência de gripe ?
19) Sente taquicardia?
20) Sente tonturas?
21) Sente dor de cabeça frequentemente?
22) Sente rigidez muscular na região do pescoço?
23) Sente tensão em uma ou mais dessas seguintes regiões:
dentes, lábios, articulação temporomandibular?
24) Tem sensação de “bolo na garganta”?
25) Tem perda de apetite diante de alguma situação delicada?
O importante é estarmos sempre atentos às alterações vocais em decorrência de problemas de comportamento.
Cal Coimbra
é psicóloga e doutora em Fonoaudiologia
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