Expressão da linguagem e da voz nos transtornos mentais
A evolução humana vem trazendo na bagagem psíquica ao longo dos tempos a capacidade de desenvolver a comunicação. A voz humana, como expressão desta comunicação, é indicador biopsicocultural, e não deve ser vista como produto de órgão isolado - o laringe -, tão pouco tratada somente com exercícios repetitivos e técnicos. Ela também pode reproduzir a história de vida da pessoa neste processo de comunicação.
Os clientes que procuram os serviços de Fonoaudiologia, quando encaminhados pela família ou por médicos, e que apresentam alterações vocais e de linguagem associadas a transtorno mental merecem avaliação minuciosa para diagnóstico preciso.
O diagnostico diferencial da disfonia psicogênica em relação a outras alterações vocais costuma não apresentar alterações laríngeas, embora os sintomas possam ser parecidos. Essa classificação de disfonia está relacionada a sérios comprometimentos emocionais.
É necessário que o tratamento clínico fonoterápico desenvolva estratégias e recursos voltados para os sintomas expressos durante as manifestações das desordens vocais e linguísticas, compreendendo não a doença, mas o doente, a pessoa que fala.
Nos casos particulares da disfonia psicogênica, eles se baseiam em situações emocionais que levam ao desequilíbrio psicológico, expresso por estados evidentes de ansiedade, depressão, reações conversivas ou desordem da personalidade.
A psicossomática não pode ser descartada, sabendo-se que em muitos casos o cliente relata sensações corporais doloridas localizadas na área do pescoço, região cervical e dificuldades no mecanismo respiratório.
Os clientes que sofrem de transtornos mentais, geralmente levam mais tempo em fonoterapia.
Durante todo o processo fonoterápico, é preciso estar em contato com o psiquiatra que atende o cliente. Essa relação inter-profissional constante vai contribuir sobremaneira para a qualidade dos tratamentos.
Na clínica fonoaudiológica, são frequentes os casos de disfonias onde o paciente se apresenta com um sintoma vocal, muitas vezes, de origem desconhecida.
A conduta fonoterapêutica nesses casos é diferenciada de outros diagnósticos em disfonia. Os exercícios utilizados em outros tratamentos não são os mesmos para as disfonias psicogênicas. O cliente nesta condição particular pode apresentar bloqueio na expressão verbal, ou ir ao extremo, uma fala verborreica, que compromete o desenvolvimento psíquico com foco nas questões de identidade vocal e de personalidade. Cada pessoa manifesta sua identidade diferentemente.
A Fonoaudiologia, como ciência voltada também para o atendimento destes transtornos, busca combinar o significado do comportamento vocal e conteúdo da expressão da linguagem, associados a transtornos emocionais e da comunicação humana.
Uma coisa é certa, é preciso tratar-se, independentemente da gravidade do problema.
Cal Coimbra
é psicóloga e doutora em Fonoaudiologia
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