Mortes por Alzheimer cresceram 654% em Minas Gerais em nove anos
Mortes por Alzheimer cresceram 654% em Minas Gerais em nove anos
Subeditora
Um estudo da Academia Brasileira de Neurologia e do Ministério da Saúde aponta que as mortes por Alzheimer cresceram 654% em Minas Gerais em nove anos. O salto foi de 147 mortes em 1999 para 962 em 2008. A taxa de crescimento foi superior à média nacional e da região Sudeste, que respectivamente marcaram aumentos de 586% e 567%.
O presidente da Sociedade dos Portadores do Mal de Alzheimer da Zona da Mata, Márcio Borges, explica que há dez anos não se associava a razão da morte imediata à causa primária. "Às vezes, a pessoa morria de pneumonia, mas o que havia provocado o problema era o Alzheimer. Com o movimento geriátrico, passou a ser feita a associação."
Outro motivo para o índice é a elevação da população idosa. "A doença atinge cerca de 5% da população brasileira com idade igual ou superior a 65 anos e 30% da população com mais de 80 anos. A expectativa de vida, atualmente, chega a 75 e 76 anos."
Ele estima que, em Juiz de Fora, existam de três a quatro mil portadores de Alzheimer. "Essa estimativa foi feita baseada num estudo em Catanduvas, no Estado de São Paulo. A cidade possui cem mil habitantes e foram identificadas 800 pessoas com o mal." Para Borges, Juiz de Fora é precária em serviços oferecidos para o idoso portador e para a sua família. "Em matéria de tratamento e avaliação, o município está engatinhando. Temos poucos geriatras no SUS e nas UPAs [Unidades de Pronto Atendimento]. Faltam ações governamentais, tanto no nível municipal quanto no estadual."
Tratamento
O tratamento da doença inclui intervenção medicamentosa e não medicamentosa. Borges esclarece que os remédios não curam a doença, apenas atenuam os sintomas. "Trata-se de um medicamento universal, ou seja, distribuído a pessoas, independente da condição social, gratuitamente pelo SUS. Entretanto, a burocracia impede o acesso da população."
Em Juiz de Fora, de cada dez pessoas com o Mal de Alzheimer apenas duas conseguem o medicamento. "Quando o médico faz o diagnóstico, ele precisa preencher um documento com dez páginas para o paciente tentar retirar gratuitamente o remédio na farmácia destinada a medicamentos excepcionais. Só que o profissional da rede pública não tem tempo para preencher o formulário."
Borges afirma que qualquer sinal de perda de memória e de alteração nas atividades diárias deve ser analisado. "Quanto mais cedo a pessoa for avaliada, mais cedo se faz o diagnóstico e melhor o efeito do remédio."
Dia Mundial de Azheimer
Uma ação educativa marcou as comemorações do Dia Mundial da Doença de Alzheimer, nesta terça-feira, dia 21 de setembro. Além de Juiz de Fora, outras 84 cidades do país celebraram a data com orientações sobre a doença. Na Santa Casa de Misericórdia, foram distribuídos panfletos durante todo o dia. Na Sociedade de Medicina, foi agendada uma palestra, aberta à população, para as 19h.
A Doença de Alzheimer
Definida pelo senso comum como "mal do século" ou "epidemia silenciosa", a doença de Alzheimer é pouco conhecida pela sociedade e por isso, provoca o efeito, por vezes, devastador na família — que não consegue entender o problema — como também no doente, que se sente incapaz de seguir em frente.
O Alzheimer altera o funcionamento cognitivo das pessoas (memória, linguagem, planejamento, habilidades visuais-espaciais), provocando mudanças de comportamento, dentre as principais: apatia, agitação, agressividade e delírios. Assim, a pessoa acometida pela doença acaba, progressivamente, limitando suas atividades profissionais, sociais, de lazer e até mesmo domésticas.
Prevenção
Certas medidas podem ajudar a preservar a saúde mental e diminuir o risco de a pessoa ter a doença, como:
- Atividade mental regular e diversificada;
- Atividade física regular;
- Boa alimentação;
- Bom sono;
- Lazer;
- Evitar maus hábitos: não fumar, beber com moderação;
- Cuidados com a saúde física geral: tomar os medicamentos corretamente, ir ao médico regularmente.
Fonte: Academia Brasileira de Neurologia
Os textos são revisados por Thaísa Hosken