Comer mal: a culpa pode ser dos games
Comer mal: a culpa pode ser dos games
Aposto que muitos de vocês não têm. Não que frutas não sejam saborosas, mas com certeza aquele Triple Bacon Burger te parece muito mais apetitoso do que algumas boas fatias de Maçã, correto? Sucos são deliciosos (especialmente nesse calor de rachar), mas um bom copo de refri geladinho, quase trincando, parece melhor, não é? Eu sei, eu também acho isso (tô torcendo para vocês concordarem).
Como é? Você não gosta de se alimentar assim? Acha que isso tá te fazendo mal? Não vou escrever aqui como te ajudar... Mas posso te dizer de quem é a culpa.
A culpa é dos games... e sua também.
"Ah não! Texto denegrindo os games não!", grita você enquanto inúmeros perdigotos voadores preenchem sua tela. E eu respondo: Calma. Não é isso.
A culpa de você comer com baixa qualidade poder ser SIM dos games, e eu vou provar o porquê. Tudo começa quando você, em sua juventude juvenil, comendo seus salgadinhos lotados de corante e tomando aquele refri/suco industrializado marotíssimo enquanto joga o clássico dos clássicos do gênero Beat 'em Up: Cadillacs and Dinossaurs. Depois de uma fúria de tiros, porradas, cacetadas, granadas, espadadas, chifradas, mordidas e rabadas, você olha a barrinha de vida e vê ela piscando, quase acabando. Então, depois de detonar uns capangas e alguns tonéis de aço, você vê um prato coloridíssimo com Salada e um enorme e Pernil. Pela distância que os dois estão, não vai dar tempo de pegar ambos, apenas um. E aí?
Qual seria?
Aposto que vocês pegariam o Pernil!
Está claro? NÃO?! Vamos lá. Essa tabelinha abaixo foi retirada do Gamefaqs.com e adaptada por mim. Com ela será possível entender melhor o que eu estou querendo dizer:
Comida | Vida Recuperada | Comida | Vida Recuperada |
Chocolate | 15% | SALADA | 33% |
Xícara de Café | 15~17% | Hambúrguer | 50% |
Croissan | 15~18% | Cachorro Quente | 50% |
Donut | 15% | Fatia de Pizza | 50% |
Chiclete | 15~20% | Lagosta | 66% |
Bolo (pedaço) | 30%~32% | Bifão | 80% |
Batata Frita | 33% | Pernil | 100% |
Pudim/Sorvete | 33%~35% |
Viram? Reparem que de "saudável" (seguindo o que nutricionistas, médicos e o Bem Estar dizem) só existem dois itens: Salada (que recupera 33% da vida) e a Lagosta (66%). Repare também como os vilões da nutrição são muito mais presentes e como alguns, tal qual o Cachorro Quente e a Pizza, recuperam mais vida do que uma Salada.
E isso não é só no Cadillacs and Dinossaurs. Outros Beat 'em Ups seguem essa linha: Captain Commando, Rushing Beat, Final Fight e o recente Castle Crashers são só alguns exemplos.
Óbvio que isso não é uma regra. Tudo depende da educação que se tem em casa. Mas é realmente comum, quando criança, usarmos coisas que fazemos muito e/ou que convivemos bastante como "educadores" e "formadores de opinião". É um fato psicológico. E apesar de muitos duvidarem, a capacidade dedutiva-cognitiva de uma criança pode ser até maior do que de um adulto no primor de suas habilidades mentais. O jovem acaba pensando "oras, se o Pernil RECUPERA MAIS VIDA, quer dizer que é melhor que salada!" e, portanto, acaba preferindo pernil a salada.
É lógico que em 1989, a questão de preocupação com a qualidade da alimentação (quanto "ão", nossa) era exponencialmente menor do que nos dias de hoje, e é bem possível que haja uma questão cultural envolvida aí, afinal, americanos parecem gostar mais das coisas "menos" saudáveis, mas isso não torna a coisa "proposital" ou "pensada". Se você está lendo o texto achando que eu estou querendo gerar uma revolta porque os games ensinam a comer errado, saia daqui AGORA. A questão aqui é outra. É mostrar como os games podem nos influenciar – prestem bem atenção neste termo, pois na terça-feira que vem, teremos um texto sobre "influência" – em tudo na vida, por um bom tempo.
Leon Cleveland é formado em Comunicação Social pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora. É fã de desenhos animados, mitologias, heavy metal, culinária, gastronomia, bacon e é completamente apaixonado por games. Tão apaixonado que sua Tese de Conclusão de Curso foi "O uso da Linguagem Cinematográfica nos Games". Já escreveu para várias publicações, analógicas e digitais, sobre o assunto e planeja se especializar na recente área de "Crítica de Videogames".